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Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“UM TESOURO VÍNICO DE PORTUGAL”

A Península de Setúbal e seus vinhos foram o foco de artigos recentes de Jorge Lucki (Valor Econômico) e Marcelo Copello (Veja-RIO), e de uma bela Master Class e Feira de Vinhos realizada em Belo Horizonte, sob a curadoria de Marcelo Copello.

A Península de Setúbal, é uma das 14 regiões vinícolas demarcadas em Portugal e está localizada no sul do país, a apenas 30 minutos de Lisboa. Esta é uma região costeira (composta por 13 concelhos) que começa em Almada, logo após atravessar a ponte 25 de Abril em Lisboa, e termina em Sines, cerca de 130Km a sul.


A história vitivinícola da região da Península de Setúbal perde-se no tempo. Aqui foram plantadas as primeiras vinhas da Península Ibérica, em cerca de 2.000 a.C., dando início a uma tradição que foi renovada em 1907, com a demarcação da Região do Moscatel de Setúbal, e que sobrevive até hoje, sendo a segunda mais antiga região demarcada de Portugal.


Daqui saem alguns dos melhores vinhos portugueses, cuja qualidade se firmou a partir de uma biodiversidade riquíssima. Nenhuma outra região de Portugal tem tantas diferenças geográficas, com a existência de planícies, serras e encostas, além dos Rios Sado e Tejo e a proximidade com o Oceano Atlântico.


Por sua variedade de paisagens, solos e climas, esta é uma região onde você pode encontrar todo o tipo de vinhos, desde os espumantes aos doces. Mas, sem dúvida, a estrela desta região vinícola, aquela pela qual é reconhecida, é o Moscatel de Setúbal, um dos 4 vinhos fortificados de Portugal.


Se nunca provou um Moscatel de Setúbal, posso adiantar que é um vinho elegante, fresco e versátil. Os vinhos combinam a mineralidade salina e as nuances saborosas do Madeira, mas com um núcleo de fruta que se assemelha mais ao do Porto. Por outro lado, o anonimato internacional mantém este tesouro notavelmente acessível em comparação com seus irmãos famosos, já que é uma região menos em evidência quando se fala em vinhos de sobremesa português.


Embora este vinho fortificado seja o produto principal da região, esta é uma área que produz principalmente vinho tinto, onde a uva Castelão é predominante e compõe quase todos os tintos (simples ou em blends).


Com uma área total de 8.000 ha de vinhas, 2 D.O. (Denominações de Origem) diferentes e uma IG (Indicação Geográfica), a Península de Setúbal se distingue de outras regiões do país, principalmente por sua geografia e tudo o que a acompanha (solo, clima, exposição à luz etc.) - esta é provavelmente a região vinícola mais diversa de Portugal.


Primeiro, por conta da influência do Oceano Atlântico ser incrível, pois sublinha toda a costa oeste da região. Depois as 2 áreas da região: a área de solo arenoso do chamado “Plioceno de Pegões”, onde as temperaturas têm uma grande amplitude entre o dia e a noite, o que é bom para as uvas. E depois, a Serra da Arrábida, onde o seu pico de altura atinge os 500 metros de altitude. Não é a montanha mais alta do mundo, mas é suficiente para proteger as vinhas dos ventos indesejados.


Apesar do néctar doce da região ser a estrela óbvia, o elenco de apoio de vinhos de mesa que ocupam este paraíso de areia e calcário também vale a viagem. A DOC Palmela, focada em vinhos secos, está escondida dentro da grande designação regional Península de Setúbal, e oferece vinhos encantadores e fáceis de se beber.


Além dos solos ideais, é a condição climática que Setúbal percorre - entre o oceano frio e enevoado a oeste e o interior mais quente do Alentejo - que é fundamental para o equilíbrio, a profundidade da fruta e a harmonia que esses vinhos podem oferecer. A brisa está sempre presente e mantém as uvas secas.


A variedade nativa Castelão - encontrada em vinhedos antigos e retorcidos e frequentemente referida aqui pelo apelido local de Setúbal, "Periquita" cria vinhos de qualidade e que envelhecem extraordinariamente bem. Convenientemente, safras mais antigas não são difíceis de encontrar e são acessíveis para o nosso bolso.


Embora Castelão seja o ícone tinto da região, outros vinhos de uvas autóctones de vinhas velhas provam ser mais do que dignos. Além disso, especialmente as uvas clássicas tintas de Bordeaux, Cabernet Sauvignon e Merlot – brilham por aqui. Aliás, há até quem produza vinhos com a casta Tannat com estilo mais próximo ao de Cahors na França.


Quando se trata de vinhos brancos, o Moscatel acima mencionado também é produzido em versões secas. A variedade aromaticamente extravagante ostenta textura macia, tons complexos de frutas e acidez viva - a combinação certa para um vinho equilibrado e expressivo. Uma variedade de outras uvas brancas nativas e variedades internacionais são encontradas na região, e os produtores de vinho locais as empregam com maestria em uma variedade de misturas refrescantes e cheias de sabor.


A maioria dos exemplos é baseada na Muscat de Alexandria - conhecida aqui como Moscatel Graúdo - e vem em uma variedade de estilos. Versões mais jovens exalam notas tropicais e florais com um sutil toque salgado. Edições que passam por um longo envelhecimento em barril (frequentemente 20 anos ou mais) oferecem tons mais escuros ou âmbar, com notas de caramelo, nozes e especiarias saborosas, além do núcleo doce e vibrante de frutas.


O vinho mais raro Moscatel Roxo é sem dúvida um dos verdadeiros tesouros vínicos de Portugal, produzido a partir de uma mutação de tom mais escuro do Moscatel Galego (Muscat à Petits Grains). Essa uva reúne mais intensidade e estrutura do que o Graúdo, oferecendo um deleite especial para aqueles que buscam uma garrafa especial.

 

● PRODUTORES A VISITAR E PROVAR EM SETÚBAL – Lembre-se de agendar as visitas antes de ir direto para as vinícolas.


♦ Herdade do Portocarro - Uma pequena, mas poderosa vinícola que produz vinhos de mesa secos de tirar o fôlego com variedades nativas e internacionais. Qualidade de culto e seguidores locais cult.


♦ Horácio Simões – Pequena vinícola, altamente considerada, este produtor tradicional é mais conhecido por seus maravilhosamente e complexos vinhos de Moscatel doce. Os vinhos secos também são excelentes.


♦ José Maria da Fonseca – Uma grande referência na indústria vinícola de Portugal desde o século XIX, a JMF oferece uma gama diversificada de rótulos em todos os espectros de preço e estilo. Vale a pena visitar para uma degustação e um passeio pela propriedade histórica.


♦ Quinta do Piloto - Produz expressões características de estilos doces e secos. Além de uma visita e degustação memoráveis, é possível fazer reservas para ficar nos quartos de hóspedes da quinta.


♦ Quinta da Bacalhôa - Em operação há mais de um século com vários projetos em Portugal, a principal propriedade deste produtor oferece degustações combinadas com luxuosos arredores históricos e belas artes.

 

PRODUTORES QUE ESTIVERAM PRESENTES NA FEIRA EM BELO HORIZONTE, TIVERAM SEUS VINHOS PROVADOS, E QUE VALEM A PENA SER VISITADOS EM PORTUGAL


♦ Adega de Palmela – A Adega Cooperativa de Palmela é um dos principais polos de desenvolvimento do Concelho que é marcadamente agrícola e onde a vinha e o vinho têm por razões históricas um peso bastante grande. A principal zona vitícola situa-se na planície arenosa que constitui grande parte do Concelho de Palmela. A Adega Cooperativa de Palmela iniciou a sua atividade com 50 associados e com uma produção que não excedia os 1,5 milhões de litros. Nos dias de hoje a produção ultrapassa os 8 milhões de litros, e a Adega dispõe de capacidade para atingir os 10 milhões, sendo 70% vinho tintos, 25% vinhos brancos e 5% Moscatel.

 

♦ Venâncio Costa Lima – A Venâncio da Costa Lima é uma das adegas mais antigas da região de Palmela, com início de atividade em 1914. Produz Vinhos de Mesa, Vinhos Certificados (Regional Península de Setúbal e DO Palmela) e Moscatel de Setúbal.  Ao visitar a Adega Venâncio da Costa Lima explicam-se os princípios da elaboração dos vinhos e do Moscatel de Setúbal. No final da visita, há uma prova de 3 vinhos e um Moscatel, acompanhados por produtos regionais, salgados e doces.

 

♦ Adega de Pegões – A Adega de Pegões é hoje uma vinícola moderna e competitiva reconhecida a nível nacional e internacional, com mais de 500 distinções e prêmios nos mais renomados concursos mundiais de vinhos, nos últimos 10 anos, foi distinguida em 2014 a 4ª melhor empresa de vinhos em Portugal e a 37ª no mundo pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinho e Licores. Possui uma área vinícola de 1.117 hectares que produzem em média 11.000.000kg de uva, sendo 70% tinta e 30% branca. As castas tintas produzidas são o Castelão (Periquita) 65%, Touriga Nacional, Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Shiraz etc. com 35 % Nas brancas predominam o Fernão Pires 40%, Moscatel 25%, Tamarez, Arinto, Antão Vaz, Chardonnay etc., 35%. Está aberta a visitas, todos os dias.

 

♦ Adega de Camolas – Uma adega familiar com ligações profundas à região, à vinha e ao vinho desde a década de 70. Com cerca de 50 hectares de vinha, divididas em oito parcelas, espalhadas pelas zonas nobres do concelho de Palmela onde a mais antiga foi plantada em 1931 e a mais recente em 2015. Em todas as parcelas apenas estão plantadas castas portuguesas, com a exceção do Alicante Bouschet cuja origem é francesa. Com um total de nove castas, das quais se destacam o Castelão, o Fernão Pires, o Moscatel de Setúbal e o Moscatel Roxo, castas tipicamente associadas à região da Península de Setúbal.

 

♦ Casa Ermelinda Freitas – É uma adega reconhecida em Portugal e no mundo situada na Península de Setúbal, com mais de 700 prêmios ganhos a nível nacional e internacional, que oferece visitas educativas e lúdicas. Empresa familiar, com quase 100 anos de história, passados de geração em geração, a Casa Ermelinda Freitas é uma referência na produção de vinhos na região de Setúbal.


Ermelinda Freitas, nascida e criada nas terras do Sado, é produtora e engarrafadora em Fernando Pó. Sempre dedicou especial atenção ao vinho e, após o falecimento de seu marido, a sua filha Leonor Freitas herdou o gosto pela vitivinicultura. No ano de 1997, a Casa Ermelinda Freitas iniciou o engarrafamento de parte da sua produção com marca própria, tendo sido realizados investimentos na construção de uma nova adega, centro de vinificação e linha de engarrafamento.


Há quatro gerações que esta Casa se dedicada à produção de vinhos, sendo proprietária de 130 hectares de vinha, com representatividade de 100 hectares da casta Castelão. Foram plantadas mais recentemente outras castas como Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah, Aragonês. Na sua vinha estão plantadas 29 castas diferentes.

 

♦ Cadeado Wines – É pelas mãos da Catarina, do Frederico e do Tomás que nasce a Cadeado Wines. O nome é uma homenagem ao avô, que sempre dizia que um bom vinho era uma mistura única de aromas que só poderia ser aberto por quem tivesse a chave certa. Assim nasceu, em 2018, a Cadeado Wines. Um sonho pensado e idealizado há muito tempo pelos três irmãos.


Dois anos depois, em 2020, os irmãos Palma, atraídos pela história da família sempre ligada às vinhas e às vindimas, alargaram a sua produção à região vitivinícola de Setúbal, criando a sua própria linha de vinhos. Nasce, assim, a linha Cadeado, com vinhos do Alentejo e da Península de Setúbal, com uma identidade forte e sabor único.

 

♦ Fernão Pó Adega – A Adega de Fernão Pó é uma empresa familiar de Fernando Pó, resultado da junção das famílias Freitas & Palhoça, ligadas à viticultura e produção de vinho há gerações.


​Desde a sua fundação por Aníbal Silva Freitas nos anos 50, a adega cresceu ligada à tradição vitivinícola da região. À época Fernando Pó era ponto de romaria de famílias vindas de todo o país, que aí buscavam os melhores vinhos para se abastecer todo o ano.


Na Adega Fernão Pó a escolha de castas tem sido por experimentação, em busca de um perfil de vinhos genuíno, complexo e gastronômico. Nos 70 hectares de vinhas da família destacam-se 34 hectares de Castelão, a casta de eleição da região. Mas também a apimentada Cabernet Sauvignon, que aqui amadurece bem, e ainda Syrah, Touriga Nacional, Merlot, Alicante Bouschet e Tannat, Aragonês e Caladoc. Nas castas brancas, a popular branca Fernão Pires, Síria, Verdelho, Viosinho, Arinto e Moscatel.

 

♦ Sociedade Vinícola de Palmela - Fundada em 1964, a Sociedade Vinícola de Palmela é uma das mais antigas e relevantes empresas produtoras da Península de Setúbal, território de eleição para a criação de vinhos de excelência.


Com base nas variedades regionais Castelão e Moscatel de Setúbal, acompanhadas de outras nobres castas nacionais e internacionais, a Sociedade Vinícola de Palmela produz e comercializa um vasto portfólio de vinhos, brancos, rosés, tintos e licorosos a partir de 400 hectares de vinha localizada nos solos argilo-calcários da Serra da Arrábida e nas areias de Palmela.


São vinhos que conjugam irrepreensível qualidade com clara identidade regional, alcançando assim o sucesso junto dos consumidores e o aplauso da crítica especializada, um pouco por todo o mundo.


Então, gostou de conhecer um pouco mais sobre vinhos da Península de Setúbal? Posso garantir que este tesouro português, muitas vezes conhecido como “Ouro Líquido” é um vinho memorável!!! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não do artigo!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).

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