Nesta semana continuamos escrevendo sobre e belo roteiro preparado pela Zênithe Travelclub de Belo Horizonte, comandado por Mariella Miranda e Germán Alarcón-Martin, que levou 24 participantes a conhecer a região da Campanha Gaúcha.
♦ BODEGA CERRO CHAPÉU – Está instalada em Rivera, no Uruguai, sendo que a vinícola é produto de uma das mais significativas e antigas propriedades do Uruguai, a da Família Carrau, com longa tradição vitivinícola de 10 gerações que iniciou em 1752, quando Juan Carrau Vehils comprou o primeiro vinhedo na Catalunha, na Espanha. O descendente, Quico Carrau Pujol, da parte da família emigrada para Uruguai, nos anos 70, é pioneiro na região da Campanha realizando estudos do solo, buscando o ambiente perfeito para plantar suas videiras em Cerro Chapéu com 300 metros de altura, rodeado pelas típicas colinas e que desgastados pelo tempo, trazem a nossa memória os chapéus típicos dos gaúchos. Ele também se instalou no Brasil, criando o Château Lacave em Caxias do Sul com o famoso rótulo “Velho do Museu”, marco histórico nos vinhos finos brasileiros.
A “Bodegas Carrau” era um único grupo com a unidade próxima a capital de Montevideo e a unidade do Cerro Chapéu. Entretanto, em 2016, devido a sucessão familiar, as propriedades foram separadas ficando a de Montevideo para os irmãos Ignacio e Javier (com os emblemáticos rótulos das linhas Juan Carrau, Cepas Nobles, Vilasar, Amat) e a vinícola de Rivera com os outros 3 irmãos, Gabriela, Francisco e Margarita, surgindo assim a “Bodega Cerro Chapéu’ (com outros dos tradicionais rótulos das linhas Castel Pujol, 1752 Gran Tradición, Ysern, Sust, e seu ícone Batovi).
A Cerro Chapéu é uma vinícola moderna, pioneira na América do Sul por ter sido projetada dentro de uma instalação em 4 níveis para o aproveitamento da gravidade com o objetivo da vinificação de mínima intervenção e harmonia com o meio ambiente e o uso da própria pedra do cerro para a construção da cave de guarda das barricas. A produção anual chega a 1,2 milhão de garrafas por ano.
E em paralelo se encontra em construção a Vinícola Cerro da Trindade, que fica bem próxima, mas já na parte brasileira. Ambas serão abastecidas pelo vinhedo com total de 60 hectares contínuos dos quais 6 ha já estão em produção, sendo a área contigua entre uma e outra vinícola, separando-se apenas pela linha de limite territorial entre Brasil e Uruguai, com castas como a Tannat, Teroldego e Sousão, cuja enologia está a cargo dos três irmãos
Nesta vinícola tivemos a oportunidade de provar seus vinhos durante um gostoso almoço em 4 tempos. Provamos o vinho branco Castel Folklore 2021 e o Cerro Chapéu Reserva Sauvignon Blanc Sur Lie 2020. Seguiram o Rosé Castel Pujol Altos Saignée 2021 servido com braseros de Chorizos e Queijo Provolone. O prato principal foi Cordeiro e Picanha na brasa, com mix de verduras assadas na parrilla e Batatas com manteiga e ervas, foi acompanhado pelo Castel Pujol Folklore Tinto 2021, o Cerro Chapéu Reserva Edición Limitada Nebbiollo 2018 e o Gran Reserva Batovi T1 Single Vineyard 2017. A sobremesa – Panquecas com Doce de Leite e Sorvete Caseiro foi servida com Espumante Sust Brut Vintage Nature Champenoise 2016.
Cerro Chapeu está localizado na formação do solo Batovi chamado dorado, que são solos arenosos vermelhos e profundos característicos de baixa fertilidade, considerado o mais antigo da América do Sul. O lote T1 foi identificado há alguns anos como o melhor Tannat do Cerro Chapéu.
♦ VINÍCOLA CORDILHEIRA DE SANTANA - A história desta vinícola instalada em Sant´Ana do Livramento, começa em 1999 quando o casal de enólogos Rosana Wagner e Gladistão Omizzolo adquirem as terras da propriedade, e no ano 2000 realizam o plantio de 20 ha de vinhedos compondo uma paisagem belíssima por estar aos pés do emblemático Cerro de Palomas.
O terroir Palomas não foi escolhido por acaso. Esta escolha é fruto do conhecimento adquirido através da pesquisa e informação, bem como de grande experiência profissional. A região de Palomas está localizada no município de Sant’Ana do Livramento, no RS, na chamada região de Campanha Gaúcha, a uma altitude média de 200 metros e a 31º de latitude sul. Em 2003 foi construída a sua cantina de vinificação com modernos equipamentos e tecnologia de ponta intimamente ligados à elaboração do vinho.
A cantina, como também as caves de maturação e centro de recepção, resultaram num atrativo prédio bem integrado na paisagem com varanda circundante com vistas aos vinhedos e o Cerro de Palomas, sendo assim uma das pioneiras no enoturismo na região.
O primeiro vinho produzido pela vinícola marca foi o Cabernet Sauvignon, lançado em 2005, seis anos após o investimento ser iniciado. Hoje eles chegam a elaborar até 25 mil litros de vinho por ano. Os rótulos são divididos entre as linhas Reserva dos Pampas e Reserva Especial Cordilheira de Santana. Ao todo, sete variedades de uva são cultivadas na propriedade: Chardonnay, Gewurztraminer, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat, Pinot Noir e Touriga Nacional. A responsabilidade da enologia está a cargo de Rosana.
Os prêmios obtidos mostram a qualidade dos vinhos desta vinícola: Prêmio Top Ten de melhor Chardonnay da Expovinis com o Cordilheira de Sant’Ana Chardonnay 2005, e Prêmio de melhor Tannat do Brasil no GP de Vinhos do Brasil com o Cordilheira de Sant´Ana Tannat 2007
♦ BODEGA SOSSEGO - A tradicional atividade da Estância do Sossego é a criação de gado Braford e cultivo de pastagens. Hoje o casal de fazendeiros Irene e Bolívar Moura, convive com outra atividade, a dos parreirais e dos vinhos da Bodega Sossego. São 5 ha entre Cabernet Sauvignon e Chardonnay plantados desde 2004, produzindo uns 25 mil kg de uva por ano.
A vinícola propriamente dita, nasceu mais tarde por iniciativa do filho René Moura, que após se graduar em Administração e se especializar por um Mestrado em Wine Business Managment no Royal Agricultural College do Reino Unido, na sua volta ao Brasil, decidiu profissionalizar o hobby do pai.
A Bodega Sossego é o retrato do terroir da Campanha Gaúcha. Ela está localizada em Queimada, no município de Uruguaiana (RS), a poucos quilômetros da divisa com o Uruguai e a Argentina.
O solo argiloso-rochoso recebe muito bem as videiras, que também encontram um clima propício à excelente maturação de uvas. São as primeiras a serem colhidas no país! As primeiras vinificações iniciaram em 2011 e seguem em parceria com a Vinícola Don Giovanni em Pinto Bandeira onde os vinhos são vinificados, elabora e comercializa vinhos de qualidade.
A vinícola elabora 3 linhas de vinhos: os Camp4ña com dois espumantes sendo um branco e um rose, elaborados pelo método tradicional com base na uva Chardonnay. Os Campaña com dois varietais branco e tinto. E os Sossego, com 3 rótulos, sendo um branco, rosé e tinto, nos quais há agregação de uvas de outras regiões como a Sauvignon Blanc de Pinheiro Machado na Serra Sudeste e a Cabernet Franc de Pinto Bandeira.
♦ VINÍCOLA CAMPOS DE CIMA – Com projeto assinado pela arquiteta, e também sócia, Manuela Ayub, a vinícola Campos de Cima possui estrutura voltada ao enoturismo, onde os visitantes podem conhecer as instalações, degustar e comprar vinhos da região.
A Fazenda Campos de Cima pertence a uma família emblemática que há mais de um século e meio era tradicional produtora de arroz e gado na região. No final da década de 1990, a família começou a buscar formas de diversificar a produção dentro da propriedade, e incentivados por uma forte paixão pelo vinho de Hortência Bandão Ayub, o casal decidiu estabelecer vinhedos próprios para elaboração de vinhos finos . A vinícola foi projetada para acomodar equipamentos modernos em prol da vinificação, e seus vinhedos estão situados em Maçambará, município vizinho de Itaqui, a Fazenda Campos de Cima apresenta um terroir único para a produção de uvas de grande qualidade.
Os primeiros vinhos foram feitos em 2006 e lançados no mercado em 2009 sob a marca da empresa Campos de Cima, que surgiu desde então, cujas sócias são Hortência Ayub e as suas duas filhas, Manuela (arquiteta) e Vanessa (advogada).
Em 2012, foi lançada a primeira pedra para a construção de uma vinícola própria, localizada no entroncamento da cidade de Itaqui, que fica na divisa com a República Argentina, separada apenas pelo rio Uruguai. A vinícola ficou pronta para vinificação em 2014. Desde a safra de 2014, passaram a produzir todos os vinhos tranquilos em Itaqui.
A consultoria inicial foi de Michel Fabre, que trabalhou como consultor de 2013 a 2018. Hoje eles contam com a consultoria de um enólogo brasileiro - Celito Guerra, grande amigo da família, e meu colega de Juri em várias edições da Expovinis.
Os vinhos foram apresentados por Pedro Candelária, casado com Manuela Ayub, e entre os rótulos provados tivemos o Irene Antonietta que é um vinho da Seleção da Família, uma homenagem a avó materna que foi apaixonada por vinhos. Com pouca extração de cor, esse é um vinho delicado, leve e fresco , que mantém uma excelente acidez.
A vinícola produz um Brandy XO e Tannat licoroso que são vinhos ideais para harmonizar com uma boa sobremesa ou para servir ao final de refeições.
Saúde !! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações durante a prova dos vinhos e pesquisas).
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