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Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“SYRAH OU SHIRAZ, MESMA UVA E DOIS ESTILOS DE VINHOS DIFERENTES”

No dia 27 de julho foi comemorado o Dia da Shiraz, e isto fez despertar o interesse de alguns leitores do VINOTICIAS quanto a questão da Syrah ou Shiraz serem a mesma uva.

A Syrah é uma das grandes uvas tintas do mundo e está hoje na moda. É uma fina uva da França, que encontrou um lar na Austrália, onde é conhecida como Shiraz, podendo ainda ser encontrada também com a grafia Sirah.


Geralmente uma uva atinge seu ápice de qualidade na região mais fria onde é cultivada. No caso da Syrah, é o norte do Rhône, onde alguns dos melhores e mais tradicionais tintos elaborados com a uva são o Hermitage, Côte-Rôtie, Cornas e Crozes-Hermitage.


A surpreendente adaptação da uva ao quente clima de muitas regiões australianas deu origem a um estilo diferente, mais rico, concentrado e cheio de fruta, muito apreciado, sem demérito para os grandes vinhos franceses. Todo este esplendor da Syrah na Austrália, se deve a um homem de gênio, Max Schubert, que ousou desafiar as ordens e, inspirado em Bordeaux, fez em 1950 um Shiraz em Barossa envelhecido em barricas de carvalho americano, o Penfolds Grange Hermitage (hoje só Grange no rótulo), que mudou a face do vinho em seu país e deu um grande impulso para a propagação mundial dessa casta.


Há uma lenda que a uva teve sua origem na Pérsia, na cidade de Shiraz, reputada por seus tapetes maravilhosos. Teria sido trazida pelos gregos para sua colônia em Massília (Marselha), de onde se espalhou para o norte. Outros acreditavam, que ela teria sido trazida de Siracusa pelos romanos, mas nenhuma dessas teorias obteve comprovação real.


Pesquisas recentes, na Universidade Davis da Califórnia e Montpellier na França, indicam que a Syrah se originou no próprio Vale do Rhône, onde colinas íngremes e inóspitas geram alta concentração de taninos, com imensa complexidade, que exigem anos para amadurecer - felizmente menos que os Bordeaux equivalentes. Ela seria um clone natural das uvas Mondeuse Blanche (branca) e Dureza (tinta). Ao sul do Rhône a uva é geralmente "cortada" com outras castas criando vinhos mais amenos, flexíveis e amistosos (inclusive para o bolso).

No nariz, a casta apresenta notas de fumaça, ervas, alcatrão, amoras pretas, ameixas e couro. Os vinhos do Rhône tendem a apresentar aromas pronunciados de ervas e fumaça. Os australianos tendem a privilegiar amoras pretas e couro. Na boca, a uva apresenta altos teores de taninos, com fruta intensa. O sabor de ervas e fumaça confirma o nariz. Os vinhos australianos tendem a ser mais frutados, encorpados e redondos e deram o tom para os chamados vinhos de Syrah do Novo Mundo, também chamados de Shiraz.


Os vinhos franceses são mais tânicos, herbáceos e de alta acidez. Assim, a Syrah é capaz de produzir alguns dos mais exóticos e encorpados vinhos tintos, plenos de sabores, indo desde especiarias e couro, a frutas como amoras e framboesa. Nos climas frios a Syrah pode proporcionar vinhos bem mais complexos onde predominam pimenta, framboesa e, às vezes, ervas. Nas regiões de clima mais quente, a Syrah é utilizada em notáveis vinhos fortificados, nos moldes do vinho do Porto.


Os estilos encorpados (a maioria) são excelentes com carnes e caças plenas de sabor, que poderiam sufocar a Pinot Noir, ou parecer demasiado doces para o Cabernet Sauvignon. Seus vinhos também se entendem bem com carnes mais gordurosas (ganso, pato, porco, embutidos) e queijos duros.


O futuro da Syrah parece promissor com produtores talentosos e inovadores, que estão dispostos a pagar o preço e o esforço de experimentação com rendimentos baixos, inclusive tem provado ser excelente nos vinhedos plantados no método de dupla poda, e vão criando grandes vinhos nas terras em torno da Serra da Mantiqueira, se espalhando por outros pontos como Campo das Vertentes, Triangulo Mineiro e Norte de Minas, para orgulho dos mineiros.


Para o enófilo em busca de tintos saborosos, também vale a pena experimentar. Se você ainda não conhece a uva, tente provar um bom Shiraz australiano, um vinho que certamente agrada a todos. E para aqueles que já são fãs dos australianos, por que não voltar às origens e experimentar com cuidado, alguns dos bons tintos do Rhône?


Preste atenção na diferença entre estilos. Como uma generalização um tanto “imprecisa”, pode-se dizer que os bons Rhônes normalmente são mais classudos e elegantes, enquanto os australianos agradam pela exuberância. Este mundo de vinhos está cheio de surpresas!


Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações durante a prova dos vinhos e pesquisas).

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