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Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“ROTEIRO POR BODEGAS DE MENDOZA – PARTE 1”

Retornando da viagem por Mendoza com um Roteiro Enogastronômico carinhosamente preparado pela Zenithe Travelclub de Mariella Miranda e German Alarcon Martin, creio que vale a pena compartilhar com os leitores do Vinotícias o que encontramos em cada uma das vinícolas visitadas, além de dicas sobre os vinhos provados.

● LUJAN DE CUYO - No primeiro dia da viagem, visitamos a DOC Luján de Cuyo, que é a região pioneira de produção de vinho na Argentina, sendo a primeira região a ser reconhecida como apelação, em 1993, e inclui as zonas produtoras de Vistalba, Perdriel, Agrelo, Las Compuertas e Ugarteche. Logo ao Sul da cidade de Mendoza, é lá que estão localizadas as sedes de vários produtores famosos, como Catena Zapata, Bodega Nieto Senetiner, Bodega Septima, Bodega Susana Balbo, entre outras.


Está localizada nos sopés dos Andes, com uma altitude média de 1000 metros acima do nível do mar. Aqui a predominância é de solos aluviais, com origem no material transportado pelos rios que descem do alto da Cordilheira dos Andes. Apresenta clima, em sua maioria, desértico e seco, com dias quentes e noites amenas e frias devido a altitude, criando um gradiente de temperatura ideal para a boa maturação das uvas. O rio Mendoza garante a irrigação necessária para a evolução dos vinhedos nesse clima árido.


É uma região onde a presença da Malbec é significativa, mas outras uvas também se desenvolvem muito bem: Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Torrontés, produzindo vinhos diferenciados e elegantes.


♦ BODEGA NIETO SENETINER – Visitada em 13/03/2023. Uma vinícola com mais de 130 anos de história: Nieto Senetiner é uma referência no país por sua trajetória e qualidade. Reconhecida por sua constante evolução, com o compromisso de estar sempre em movimento. Com uma qualidade excepcional e um portfólio de marcas premiadas que convida a explorar e a descobrir um verdadeiro ícone do vinho argentino.


A Bodega Nieto Senetiner é uma marca autêntica, relevante e atrativa, tanto na Argentina como no mundo do vinho. Trabalha com os mais altos padrões de vinificação e qualidade do vinho, e consolidou sua posição de liderança no setor vitivinícola argentino.

Sua história remonta ao ano de 1888, quando imigrantes italianos a fundaram e plantaram os primeiros vinhedos. A vinícola foi desenvolvida nas mãos de diferentes famílias durante as primeiras décadas do século passado, o que lhe deu a forma arquitetônica que ainda hoje se preserva. Em 1969 foi adquirida pela Família Nieto Senetiner, que ampliou as instalações, iniciando uma nova etapa de desenvolvimento, e em 1998 passou a fazer parte do Grupo Empresarial Molinos Río de la Plata.


A adega tem uma posição de liderança consolidada em todos os segmentos de vinhos e espumantes de gama média e alta, onde participa, comprometida com os mais elevados padrões de produção e qualidade, suportada por um plano de investimento contínuo em novas plantas de vinificação e tecnologia de processo.


Em uma estrutura que respeita o estilo histórico da colônia, a elaboração dos vinhos é realizada em tanques de diferentes tamanhos, a fim de preservar a qualidade das uvas. A produção e o armazenamento do vinho em barris de carvalho são cuidados em todos os seus detalhes, e a bodega conta com um setor especial onde produz os vinhos espumantes com os métodos charmat e champenoise.


Como um dos expoentes mais qualificados dos vinhos do novo mundo, Nieto Senetiner exporta seus produtos para mais de vinte países e tornou-se, ao longo dos anos, um embaixador internacional privilegiado da alta qualidade do vinho argentino.


Forma parte da DOC Luján de Cuyo, uma das 5 vinícolas fundadoras no 1989, a primeira DO da América do Sul reconhecida pela OIV (Organização Internacional do Vinho).


Aqui provamos os seguintes vinhos:


● CADUS CHARDONNAY 2021 – Um vinho Apellation feito 50% no carvalho e 50% em tanques de aço, com passagem por 1 ano em barricas de carvalho. As uvas têm origem em Tunuyan, no Vale do Uco. Aroma intenso de fruta branca como maçã verde, abacaxi, com nota floral e toque mineral. Excelente acidez criando muito frescor no paladar. O teor alcóolico é de 14,1%.

● CRIOLLA CHICA 2021 – Neste vinho, não há passagem por madeira, porque a vinificação se dá em ovo de concreto. A Criolla Chica é uma uva histórica de Mendoza, de maturação temprana (mais rápida), sendo a primeira a ser colhida (neste ano, foi colhida em 15/02). A cor e aos aromas lembram a Pinot Noir, mas o sabor é diferente. A uva tem sabor de amora, morango e cereja, fruta escura e vermelha fresca. Tem teor alcóolico de 12,8%.


● BLEND DE ALTURAS MALBEC 2018 – Aqui temos uvas de três terroirs de Mendoza: de Luján de Cuyo – Agrelo – 1170 metros acima do nível do mar; do Vale do Uco - Chacayes a 1200 metros acima do nível do mar e Los Arboles a 1400 metros, também no Vale do Uco. Os vinhos são vinificados em separado, passando 12 meses em barricas de carvalho de primeiro uso e depois são misturados. Passam mais 12 meses em garrafa antes de ir a mercado. Um tinto escuro com aromas de frutas escuras, maduras, muito “chorão” com seus 15,3% de álcool, e com madeira no nariz e sabor, café e chocolate.


● CADUS CABERNET SAUVIGNON 2019 – criado a partir de uvas vindas de Tupungato, no Vale do Uco, é fermentado em barrica de carvalho e tanques de aço inox, com guarda em garrafa por um ano antes de ir a mercado. 15% de álcool. Um tinto escuro, com aromas de fruta escura madura como a ameixa, com leve toque de pirazina (lembrando o pimentão verde), que não incomoda. Nos aromas e sabores tem algo de defumado e couro. Um vinho eminentemente gastronômico e que pede uma carne vermelha grelhada.


♦ BODEGA SUSANA BALBO – Visitada em 13/03/2023. Susana Balbo que é considerada a primeira mulher enóloga da Argentina. Nascida em uma família tradicional, seu espírito inquieto e fortes convicções a levaram a escolher uma carreira não convencional para seu tempo. Em 1981, ela se formou em Enologia com a Melhor Graduação “Cum Laude”, tornando-se, dessa maneira, a primeira enóloga e produtora na Argentina.


Enfrentando limitações para conseguir um emprego em Mendoza em uma indústria dominada principalmente por homens, seus esforços e decisão a levaram à província de Salta, onde foi contratada para administrar a vinícola Michel Torino em Cafayate, uma tarefa desafiadora para uma jovem enóloga, numa época em que a indústria do vinho ainda era muito primária nessa área. Lá, ela aceitou o desafio de transformar o Torrontés em um vinho elegante de estilo e classe mundial. Susana é conhecida como "A Rainha dos Torrontés".


Suas realizações enológicas rapidamente a levaram a obter o reconhecimento de seus colegas. Depois de nove anos em Salta, Susana tomou em 1991 a decisão de enfrentar o próximo desafio: retornar à sua terra natal e iniciar seu próprio projeto. Depois de vários anos ganhando experiência trabalhando para vinícolas importantes, como a Catena Zapata, e também fazendo consultoria para vinícolas nacionais e internacionais em diferentes regiões vinícolas, Susana deu o próximo grande passo e, em 1999, ela fundou sua própria vinícola, realizando seu sonho de ter vinhos com sua própria assinatura.


O espírito inquieto de Susana a levou a participar ativamente do posicionamento de vinhos argentinos no mundo. Ela foi eleita presidente da Wines of Argentina por seus colegas na indústria três vezes, no período de 2006-2008, 2008-2010 e 2014-2016. Ela dirigiu a entidade no ciclo em que as exportações de vinhos argentinas fizeram história e cresceram a dois dígitos, o que levou a Argentina a se destacar no mapa mundial do vinho. Esse papel destaca Susana como uma líder influente na era da decolagem dos vinhedos argentinos após décadas de uma dependência comercial absoluta da venda de vinhos no mercado doméstico.

Em 1999, depois de dedicar seu talento por mais de 20 anos a assessorar empresas nacionais e internacionais do setor vitivinícola, Susana Balbo decidiu realizar seu sonho de ter sua própria vinícola, iniciando a construção do Domínio del Plata no coração de Luján de Cuyo. Depois de mais de 10 anos de constante crescimento nos mercados internacionais, mais um dos seus sonhos se tornou realidade: os filhos, José, enólogo, e Ana, formada em Administração de Empresas, decidiram dar continuidade à tradição familiar e ingressar na vinícola.


Equipada com a mais moderna tecnologia, se caracteriza por seu design único e simples, projetado para a produção de vinhos de alta qualidade. Cada casta é colhida manualmente e tratada de forma especial para manter toda a expressão da fruta e conseguir vinhos com estilos particulares e únicos. Susana e sua equipe trabalharam arduamente para atender aos mais altos padrões internacionais de qualidade, demonstrando seu compromisso com as questões mais importantes do século XXI: segurança alimentar, sustentabilidade e responsabilidade social corporativa.


Uma parte de seus vinhedos estão localizados em Luján de Cuyo, que faz parte do oásis do norte da província e é aí que a vinícola está localizada. Aqui, mais especificamente no IG de Agrelo, a Finca Agrelo está localizada, com uma extensão aproximada de 16 hectares. Com uma altitude média de 990 metros acima do nível do mar, os solos agregados são franco-argila, com boa permeabilidade dada por sua diversidade de subsolos variando de areia, solo e argila. Eles têm pouca matéria orgânica e geralmente não apresentam problemas relevantes de salinidade. As variedades de uvas que estão plantadas na fazenda são: Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Petit Verdot.

A área do Vale do Uco, enquanto isso, é reconhecida em todo o mundo por seu potencial inovador. Com altitudes que variam de 900 a 1700 metros acima do nível do mar, suas preciosas vinhas de altitude fornecem condições únicas para o desenvolvimento da fruta. As fazendas selecionadas no vale do Uco estão localizadas em: Gualtallary, Altamira, Chacayes e Arboles. Em Gualtallary, uma das áreas mais preciosas do panorama de vinho mundial, a fazenda tem 28 hectares em que a colheita de Malbec, Cabernet Franc, Chardonnay e Torrontés começaram a ser feitas em 2018. Com uma altura média de 1.300 metros, seu solo está baseado em calcário aluvional que repousa sobre cascalhos formados no terciário.


Em 2013, Ana Lovaglio - filha de Susana que nos recepcionou durante a visita - tomou a decisão de inaugurar o restaurante da Bodega – OUSADIA DE CREAR, com o objetivo de proporcionar uma experiência única e inovadora no turismo de vinho dentro a província de Mendoza. Caracterizada pelo uso de produtos e ingredientes sazonais e as técnicas culinárias da vanguarda, criando vários menus harmonizados com uma seleção dos melhores vinhos produzidos por Susana Balbo em seus vinhedos. Da mesma forma, a vinícola também oferece outros tipos de propostas mais relaxadas, como o menu de brunch, piqueniques e chás das tardes. Cada uma dessas experiências oferece a oportunidade de aproveitar a pureza do clima de Mendoza, graças ao conforto das galerias abertas à amplitude dos jardins e da adega.


Aqui provamos os seguintes vinhos:


● BENMARCO SIN LIMITES CHARDONNAY GUALTALLARY 2021 – Um Chardonnay de altitude, criado a partir de um vinhedo a 1400 metros, 13,2% de álcool. Fermentado em foudres (tonéis) de 500 litros e parte em barricas de carvalho de 2º uso. Límpido, aroma intenso de maça verde, mas também algo de maracujá azedo. No paladar o vinho é muito fresco e repete o perfil aromático.


● BENMARCO MALBEC LOS CHACAYES 2021 – Um vinho elaborado exclusivamente a partir de uvas Malbec, cultivadas em Los Chacayes, no Vale do Uco, com estágio de 11 meses em barricas de 2º uso de carvalho francês. No nariz mostra frutas vermelhas e negras maduras no ponto certo acompanhadas de notas florais, toques de ervas e de especiarias doces, que se confirmam na boca. Taninos firmes que não incomodam, acidez refrescante, fácil e gostoso de beber. Fim de boca suculento e persistente, com toques de cassis e de violetas. Álcool 14,5%.


● BENMARCO CABERNET FRANC PARAJE ALTAMIRA 2021 – As vinhas que produzem este vinho estão plantadas em Altamira, uma região fresca no sudoeste do Vale do Uco. É um deserto alto, com 1.150 metros de altitude, com solos calcários e plena insolação. Os dias quentes e as noites frias permitem que as uvas desenvolvam sabores maduros, mas frescos, mantendo boa acidez e estrutura. No nariz mostra algo terroso, com toques herbáceos e notas de chocolate. No paladar o vinho tem sabores maduros, boa acidez que lhe dá frescor e estrutura tânica. Álcool 13,5%.


● BENMARCO EXPRESSIVO GUALTALLARY 2021 – Um ícone da linha Benmarco é um tinto “expressivo”! As uvas provêm de vinhedos de altitude (1.285 m) em Gualtallary, no

Vale do Uco, um terroir de origem de grandes vinhos argentinos da atualidade, caracterizados por suas notas minerais, taninos firmes e de grande longevidade. Este solo é composto por 10 cm de pasta vegetal formada por erosão eólica. Até 2,20 m, encontramos pedras aluviais médias, pátina de carbonato de cálcio e incrustações calcárias. O horizonte mais profundo fica em uma grande pedra aluvial intercalada com areia. São solos pobres em matéria orgânica e com excelente drenagem para que a planta explore as camadas mais profundas do solo. Aqui as videiras crescem moderadamente por causa do clima frio e dos solos pobres, criando pequenos arbustos com culturas equilibradas. O vinho é um blend entre as duas castas mais importantes de Gualtallary: Malbec (85%) e Cabernet Franc (15%). A vinificação é minimalista e de baixíssima interferência, posto que o objetivo não é corrigir falhas, mas sim expressar com pureza da fruta gerada no vinhedo. A colheita e seleção das uvas são realizadas manualmente, seguida de leve prensagem e fermentação com longa maceração (40 dias). O vinho é maturado por 14 meses em barricas francesas de primeiro uso (70%) e segundo uso (30%), sendo engarrafado sem filtração. Álcool 14,5%.


Ao longo dos artigos sobre a vinicultura argentina você poderá criar um belo Guia para sua próxima viagem. Aliás, já estamos preparando um Novo Roteiro para Novembro de 2023 !!!


Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações durante a prova dos vinhos e pesquisas).

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