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  • Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“POEMAS ENGARRAFADOS”

Se o vinho é a mais nobre expressão do mundo das plantas. A poesia é a mais nobre expressão do mundo dos homens.


“Vinho é arte, é poesia, é expressão da personalidade. Para ser um vinhateiro é preciso sensibilidade, é preciso humanidade... É preciso contato físico com os vinhedos, com a uva, é preciso literalmente colocar as mãos no vinho”.

Luís Henrique Zanini



Tivemos recentemente em Belo Horizonte um evento realizado por Gustavo e Bruno Giacchero (@sigaseuvinho) na Casa Floresta de Felipe Rameh, com Talise e Luís Henrique Zanini. Digno de um fervoroso fã clube amante de seus vinhos naturais, o casal com enorme simpatia e simplicidade nos contou sobre sua vida no mundo do vinho e como com muito trabalho chegaram aonde estão. “Afinal, o difícil são só os primeiros duzentos anos!” como disse uma vez a baronesa Philippine de Rothschild.


O primeiro contato de Zanini com o vinho foi quando criança na casa do avô paterno, a bebida fazia parte dos encontros familiares. Ele e os primos bebiam vinho, com um pouco de água e açúcar. Seu interesse profissional começou em 1998, ano que iniciou o projeto da vinícola Vallontano, juntamente com família da esposa - Talise, criando um desafio e ao mesmo tempo a certeza de que o seu caminho era o do vinho.


A proposta da Vallontano como vinícola é a de trabalhar com métodos não intervencionistas preservando as características transmitidas pelo solo e pelo clima de seus vinhedos, respeitando desta forma seu terroir, valorizando a técnica e pelo conhecimento em detrimento da tecnologia.


Num segundo momento em sua vida surgiu a “Era dos Ventos” que ao invés de apostar em castas convencionais e vinificação moderna, valoriza as cepas antigas, já adaptadas à região do Vale dos Vinhedos na Serra Gaúcha, trabalhando e vinificando com mínima intervenção, criando vinhos que expressam de forma genuína as características dos Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves - Rio Grande do Sul.


Com o amigo Álvaro Escher, a Era dos Ventos surgiu como uma “pièce de résistance” frente ao rumo globalizado que o mundo do vinho tomou por conta dos rótulos “parkerizados”. A vinícola nasceu de uma paixão e do sonho de resgatar a “alma perdida” do vinho, o que se tornou possível por meio de métodos ancestrais e da valorização de uvas quase extintas. A paixão por fazer arte transformou cada uva macerada em obra-prima vinificada.


O Vale do Vinhedos se destaca pela cultura que os imigrantes trouxeram nas vinhas e pela adaptação das castas, que tornou a região conhecida internacionalmente pela diversidade e qualidade de seus vinhos.


Zanini gosta de vinhos autênticos, fora dos padrões dominantes na indústria, criados com mínima intervenção possível, em pequenas produções que mostram que são isentas de maquiagem. Mais do que vinhos para serem bebidos, são para serem “sentidos”, percebidos de forma reflexiva.


Não foi à toa que a Era dos Ventos foi a pioneira na produção do vinho laranja no Brasil, feito com uvas brancas maceradas com as cascas, ao contrário dos vinhos brancos tradicionais, nos quais as peles são retiradas antes da fermentação. Esta forma de elaboração confere aos vinhos maior estrutura, taninos e a cor característica alaranjada, graças ao contato com as cascas. Esse fato criou um dos vinhos mais famosos produzidos pelo casal Luís Henrique e Talise Zanini, o Era dos Ventos Peverella.


As primeiras mudas de Peverella chegaram ao Brasil em 1930 e pelos anos 50 e 60, seus vinhos eram muitos consumidos pelas famílias italianas de Bento Gonçalves (incluindo a de Álvaro Escher). Apesar do aparente sucesso, a variedade acabou se perdendo dentre outras tantas.


Resultado de um extenso trabalho de pesquisa, desde a possível origem – Vêneto ou Tirol? – até sua chegada à região gaúcha, a uva que beirava a extinção renasceu em 2002 numa autêntica produção de garagem. Ainda pensando em dar continuidade ao resgate da casta, Escher se juntou à Luis Henrique Zanini, um velho amigo do curso de enologia. Cinco anos depois, Pedro Hermeto, proprietário do restaurante Aprazível (no Rio de Janeiro), se juntou e deu origem ao triunvirato, que ao longo destes anos desenvolveu um significativo portfólio de vinhos que encantam por seu equilíbrio e delicadeza.


Na fronteira onde vinho é arte ou paixão, evoluindo sua caminhada, Zanini escreveu o livro “A Era dos Ventos – poesia, história e lendas do vinho”, que tem um fio condutor bem claro, onde ele diz, repete e reforça: a arte só faz sentido se tocar o coração do outro.


Como diz Roberta Sudbrack em prefácio do livro, o amor de Zanini "pelo vinho não tem limites. Sua generosidade combina e dialoga intimamente com a essência do vinho. Seus vinhos trazem a sua pureza estampada. Cada gota se conecta com a sua essência bondosa, sonhadora e incansável. Nada para ele é limite quando o assunto é defender a verdade dos seus poemas líquidos. Um poeta nato, para nossa sorte, a serviço da poesia da vinicultura. Este livro, como os seus vinhos, está impregnado de amor. Cada página, cada capítulo da sua vida, da sua luta e da sua história, se apresenta delicadamente temperada de amor. Sua vida é amor. Sua doação é amor".


Os vinhos de Zanini podem ser encontramos em Belo Horizonte na Mistral (Vinhos da Vinícola Vallontano) e com Bruno e Gustavo Giacchero (Vinhos da Era dos Ventos) pelo contato: (31) 98673-0354.


Como disse, os vinhos de Zanini são para serem sentidos!!! Vale a pena provar!!! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).

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