A Geórgia possui mais de 525 variedades diferentes e nativas em seu território (de um total que se pensa que já tenha sido de 1.400 ou mais!). É um vinhedo carregado de energia, com cerca de 55.000 hectares de videiras para 500 vinícolas, chamadas localmente de maranis.
Com uma história que se estende por 8.000 anos, investigações recentes atestam que tanto a cultura da videira como a do vinho estiveram bem estabelecidas na Geórgia no período do Neolítico. A sul de Tbilisi (capital do país), pesquisadores descobriram áreas de “vitis vinífera” domesticada, datadas por rádio-carbono a cerca de 6.000 a.C., bem como fragmentos de cerâmica do sexto milénio, com resíduo de vinho resinado.
Nesta região, melhor esquecer o Cabernet, o Chardonnay, o Malbec. Aqui você vai encontrar Saperavi, Rkatsiteli, Shavkapito, Kisi, Tavkveri, Khikhvi, Ojaleshi, só para ficar nas castas mais conhecida!
Mas não se espante, uma vinícola bem conhecida da Geórgia, produz um vinho tinto que mistura 417 uvas diferentes !!! Recorde mundial no Guiness Book sem dúvida!
● RKATESITELI (რქაწითელი) - Provavelmente a uva branca mais popular na Geórgia, a Rkatsiteli é usada na produção de vinhos tranquilos, espumantes, de sobremesa e conhaque. Embora seja cultivada em outros países do Leste Europeu, esta uva resistente continua sendo uma das uvas mais emblemáticas quando se fala de castas brancas da Geórgia.
Como a história local tem cerca de 8.000 anos de produção de vinhos, muitos a consideração a uva que fez o vinho de Noé, quando o dilúvio parou e ele teve oportunidade de se fixar em torno do Monte Ararat (hoje no território da Armênia). Segundo o livro do Gênesis, após o dilúvio, Noé teria se tornado lavrador e plantado uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se.
Os cachos da Rkatsiteli são geralmente grandes, e com pequenas bagas. As uvas atingem simultaneamente altos níveis de açúcar e de acidez. Tem produtividade alta, amadurecimento tardio e é resistente a temperaturas frias.
Os vinhos varietais produzidos a partir de Rkatsiteli tendem a ter um grande equilíbrio entre acidez crocante e doçura que são complementados por aromas complexos e sutilmente picantes de flores, marmelo e pêssegos brancos. Este vinho versátil é um excelente acompanhamento para queijos e vários pratos de peixe, porco ou aves.
♦ SERVIR COM: comidas típicas como Khachapuri – Talvez o mais famoso dos pratos típicos, kachapuri significa, literalmente, pão com queijo. Mas não, não é um sanduíche. É uma massa, assada (com consistência de pão mais macio) e recheada com grandes quantidades de queijo. São vários tipos, cada região tem o seu e dá para encontrar em qualquer lugar, de restaurantes às portinhas que vendem os salgados típicos pela cidade. O mais popular com os estrangeiros é o acharuli, típico da região da Adjara, na costa do Mar Negro. Tem um formato ovalado, de “canoa”, cheio de queijo derretido dentro, com o bônus de um (ou dois, ou mais) ovo e um pedaço generoso de manteiga, colocados por cima do queijo assim que o prato sai do forno. A ideia é misturar tudo, de preferência usando um pedaço da ponta da massa, e comer ainda quente, com aquela montanha de queijo derretido escorrendo por todos os lados. Outro prato muito harmonizado com a Rkatesiteli é o Shkmeruli - frango cozido em molho de alho é típico da região de Racha e também não é dos mais difíceis de reproduzir em casa. O frango inteiro cortado em pedaços, é cozido em um molho feito simplesmente de alho e leite, finalizado no forno. Há quem acha que fica mais saboroso se feito com creme em lugar do leite, que deixa o molho mais denso. Se tiver um pouco de adjika (pasta de pimenta típica) para ficar picante, melhor ainda.
● SAPERAVI (საფერავი) - É uma uva tinta georgiana resiliente que se originou na região leste de Kakheti e, embora ainda seja predominante na Geórgia, pequenas quantidades também são cultivadas em outras regiões do Leste Europeu, Austrália e Estados Unidos.
Esta uva tintureira de pele e polpa escuras dá origem a vinhos encorpados, de cor granada escura, caracterizados por aromas a frutos vermelhos maduros e agradável acidez. A maioria dos vinhos produzidos a partir das uvas Saperavi são varietais e apresentam uma grande tendência ao envelhecimento.
Os vinhos Sapervai são incrivelmente versáteis e podem combinar uma variedade de pratos, incluindo pratos delicados de peixe, ensopados, carnes grelhadas ou caça.
♦ SERVIR COM: Como para muito críticos a uva tem muita semelhante com a Malbecs e a Tannat (particularmente acho mais com a Tannat), nada melhor do que acompanhar um bom churrasco de carne bovina em um vinho Saperavi. Ele se mostra bem versátil e com certa rusticidade típica da casta. Vai bem também com embutidos, e queijos maduros.
● VINHO DE ÂNFORA - O vinho de ânfora georgiano é produzido com um método de vinificação antigo no qual uvas incluindo cascas, suco (tkbili), caules e sementes, são derramadas em ânforas de terracota tradicionais conhecidas como qvevri (kvevri).
O processo de produção é diferente do que estamos acostumados a conhecer e beber. Claro que as grandes vinícolas, operam em larga escala produzem seu vinho como na maioria dos outros países, com a tecnologia envolvida de costume. Mas a diferença está no método tradicional georgiano (aquele de 8 mil anos atrás), que fermenta as uvas em grandes ânforas de barro, chamadas qvevri, que são seladas com argila e enterradas no solo por um tempo que varia de acordo com o tipo de vinho. É assim também que a população produz seus vinhos caseiros.
Aliás, a convivência do vinho com a madeira se dá com a Conquista da Gália pelos Romanos cerca de 238 a.C. Ou seja, o vinho se relacionou com as barricas há mais ou menos 2.250 anos. Numa história de 8.000 anos de vinho sendo feito em ânforas, a madeira está presente em menos do que 1/3 dela,
Este método ancestral de produção é muito difundido na Geórgia e há ânforas de 50 a 4.000 litros. Enquanto as menores são comuns em residências, fazendo vinho para consumo próprio, as maiores atendem as vinícolas locais – chamadas em georgiano de maranis. Nas vinícolas é comum as ânforas estarem enterradas ou mantidas em caves subterrâneas.
Normalmente, o vinho é deixado para fermentar de cinco a seis meses. O método é usado em todo o país, embora os vinhos possam variar ligeiramente em estilos dependendo da região. Em Kakheti, o vinho é produzido com chacha inteira - bagaço - enquanto em Imereti é utilizado aproximadamente um terço (parte do material como cascas, engaços e sementes são separados antes do fechamento das ânforas.
O aspecto geral tende sempre ao turvo, uma vez que a única forma de clarificação é a decantação espontânea dentro das ânforas e, ao macerar toda a estrutura dos cachos com presença de polpas, engaços e sementes, o nível de resíduos e borras é alto. Isso pode implicar em um traço gustativo frequentemente tomado por defeito: o amargor. Mas lembremos que estamos bebendo outro estilo de vinho (que muitos chamam de Vinho Laranja) e certos modelos de degustação clássicos deverão ser reinterpretados, pois, afinal, a eventual presença de amargor é uma consequência do método e nem sempre uma falha da vinificação.
O Vinho de ânfora é um exercício de paciência e de muito volume de vinho provado, para conseguir entender suas nuances de aromas e sabores (geralmente oxidados), sem considerar que seja um defeito, mas resultado da produção de um vinho único, feito sem nenhuma intervenção humana! Saúde !!! (Resultado de pesquisas na internet).
Excepcional!!