Uma questão que criou uma boa discussão num recente jantar harmonizado virtual, no qual envio um kit completo com um menu de três tempos para os participantes, é o que fazer quando sobra vinho em casa?
E mais curioso, quando algumas pessoas provam o restinho do vinho no dia seguinte e ele se mostra melhor!
O que fazer com esse vinho? Você pode bebê-lo? O que acontece se você fizer isso? Na realidade, não acontecerá nada a não ser uma experiência em que o vinho não ficará "imbebível" e nem causará nenhum malefício a sua saúde se ficar aberto além do período recomendado para consumo. Apenas deixará de ter um sabor tão agradável, além de perder fineza e intensidade de aromas.
De forma geral, os vinhos mais delicados degradarão mais rapidamente ao passo que os mais robustos podem até ficar mais agradáveis no dia seguinte. Em relação aos vinhos brancos, devido à sua alta acidez, acredita-se que possam suportar até mais tempo do que os tintos, indo de cinco até uma semana se armazenados na geladeira.
Ao entrar em contato com o oxigênio, ocorre um processo oxidativo, em que o vinho começa a perder as suas melhores características, afetando os aromas e sabores da bebida.
O oxigênio pode ser um problema durante a elaboração dos vinhos, sendo evitado ao máximo durante os processos de vinificação o seu contato com a bebida, principalmente em relação aos vinhos brancos e rosés. Estes produtos possuem baixa concentração de antioxidantes naturais das cascas das uvas, sendo extremamente sensíveis, podendo afetar sua coloração e fineza de aromas.
Entretanto, o oxigênio pode ser bem-vindo na elaboração de vinhos tintos, já que durante o processo de fermentação, o oxigênio facilita a transformação dos açúcares. Além disto, existem outros elementos que interferem na qualidade do produto final alterando significativamente a qualidade dos aromas e proporcionando maior estabilidade de coloração. Tudo isso devido a presença dos famosos polifenóis, os antioxidantes que proporcionam cor, estrutura e longevidade aos vinhos tintos.
O excesso de oxigênio pode ocasionar em aromas que remetam ao vinagre, mas para isto acontecer, o vinho deverá apresentar contaminação por bactérias. Então, o vinho chega a "avinagrar" dentro da garrafa, ele simplesmente oxida.
Outros fatores podem afetar a qualidade dos vinhos como a exposição à luz ou a mudança abrupta e constante de temperatura alterando o processo químico durante seu período envelhecimento (muito comum em vinhos que ficam expostos em prateleiras de lojas, e que recebem a luz solar).
Para evitar que o vinho perca rapidamente a sua qualidade, você pode adotar alguns cuidados básicos depois que ele estiver aberto. A primeira dica é colocar a própria rolha na garrafa e guardar o restinho na geladeira. Isto é suficiente para beber o vinho no mesmo dia ou, no máximo, no dia seguinte. Se ele ficar guardado por mais tempo, o ideal é usar um acessório específico para reduzir a quantidade de oxigênio dentro da garrafa após aberta. Quando for armazenar a garrafa de vinho aberto já arrolhada, coloque-a na vertical, porque isto reduz a superfície de contato com o oxigênio.
Existem diversos acessórios e ferramentas que podem ajudar a conservar melhor a bebida. Um deles é método de vácuo que retira todo o oxigênio da garrafa e a deixa vedada. Outro é sistema é a gás, que cobre o líquido dentro da garrafa com um elemento mais pesado que o oxigênio (em geral um gás neutro como o argônio), e assim, cria-se uma barreira protetora que impede o contato do vinho com o oxigênio.
Existem ainda acessórios mais sofisticados como o Coravin. A tecnologia Coravin patenteada garante que você possa beber qualquer vinho, em qualquer quantidade, sem tirar a rolha da garrafa. O vinho é retirado através de uma agulha que penetra na rolha, e na medida em que o vinho sai, injeta argônio na garrafa. Ao tirar a agulha, a rolha se lacra por sua própria plasticidade.
O tempo ideal para consumir a bebida que sobrou depende do estilo do vinho:
● Espumantes (Champagne, Cava, Prosecco) - duram, em média, 1 a 2 dias na geladeira, desde que permaneçam vedados com tampa específica, para que não percam o gás. Os que são elaborados pelo Método Tradicional, geralmente, duram mais do que os que são elaborados pelo Método Charmat.
● Brancos leves e rosés (Sauvignon Blanc, Pinot Grigio, Riesling) – duram até 3 dias na geladeira, sempre com tampa. Devido a sua acidez, eles podem suportar o algum tempo após abertos, mas a intensidade de aromas pode ser afetada.
● Brancos encorpados (Chardonnay, Sémillon, Marsanne) – duram de 2 a 3 dias na geladeira, com tampa. Os vinhos brancos encorpados possuem a tendência de durar menos do que os leves, pois muitos deles estagiam em barricas de carvalho, sendo expostos ao oxigênio há mais tempo.
● Tintos leves (Gamay, Pinot Noir, Carménère sem carvalho) – duram até 3 dias na geladeira, com tampa. Eles duram menos que os tintos mais estruturados, devido à baixa quantidade de taninos.
● Tintos encorpados (Cabernet Sauvignon, Malbec, Tannat) - duram cerca de 3 a 4 dias na geladeira, com tampa. O seu tempo de duração está relacionado com a quantidade de acidez, álcool e taninos presentes na bebida. Quanto maior as concentrações desses três elementos mais tendem a durar após abertos.
● Fortificados (Madeira, Porto, Jerez) – aqui estão os campeões, duram cerca de 15 a 20 dias na geladeira, com tampa. Isso é possível devido à adição de álcool vínico e a quantidade de açúcares que estão presentes nos vinhos fortificados.
Contudo, se a vinho não estiver mais tão gostoso, você poderá usá-lo para cozinhar. O vinho é um excelente ingrediente para diversos tipos de pratos a base de carnes, molhos, massas e, até mesmo, sobremesas e drinques. Se não for usar para cozinhar, você pode usar o vinho para lavar frutas e verduras. Ele auxilia na remoção de impurezas existentes na superfície de frutas e legumes.
Aproveite para comentar se gostou ou não!!! Saúde!!! (baseado em artigos disponíveis na internet)
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