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“O QUE TORNA OS VINHOS DO BOLGHERI ESPECIAIS?”

  • Foto do escritor: Marcio Oliveira - Vinoticias
    Marcio Oliveira - Vinoticias
  • há 2 dias
  • 14 min de leitura

Ao realizar uma degustação com o tema – “OS 5 B´S DA ITÁLIA”, os participantes ficaram surpresos com a qualidade dos vinhos e em especial com os da região do Bolgheri.

“Estou na Maremma há muito tempo. Não há mais nem um lobo. Onde aqueles pobres animais vinham em bandos à noite, uivando, agora as videiras amarelas florescem e os meninos tocam bandolim. Os velhos carvalhos seculares foram cortados, os anos se passaram e por toda parte há oliveiras, trigo e hortas. Só se vê o verde-escuro dos bosques nas colinas altas; e algum javali velho, entediado com o mundo, se aposenta ali... Chega de búfalos. É um pecado. Falta alguma coisa. Mas o vinho é farto e muito bom!”.


Esta é uma carta que o poeta Giosuè Carducci escreveu em 26 de outubro de 1894, relatando uma de suas viagens a Castagneto e Bolgheri, as terras de sua infância. Nestas poucas linhas, ele faz uma síntese perfeita da mudança no território ocorrida durante o século XIX: de uma área selvagem, tornou-se agrícola, onde se produz um vinho muito bom.


Antes de falar sobre o vinho, vejamos como a paisagem do território de Bolgheri se transformou nesse período. Entre o século XIX e o início do século XX, a estrutura atual começa a tomar forma, com a mudança definitiva do ponto focal das colinas para a planície costeira.


O desenvolvimento agrícola, portanto, começou nas colinas e nas áreas de sopé. O desmatamento então se estendeu para a área plana ao redor de Bolgheri. Em seguida, avançou para o restante da planície, que começou a ser povoada, paralelamente às obras de regularização das águas, que eliminaram as áreas pantanosas.


A ocupação da planície também exigiu a criação de um sistema de transporte melhor. No início do século XIX, a Via Aurélia, a antiga estrada consular romana, foi reconstruída. A nova estrada foi direcionada ao mar em relação a rota original. Este novo e já famoso “boulevard” de Bolgheri, criado no final do século XVIII, foi plantado com choupos em 1831. Essas árvores foram replantadas diversas vezes, pois eram constantemente danificadas pelos (últimos) búfalos. Em 1834, as árvores começaram a ser substituídas por ciprestes, criando a icônica “Viale dei Cipressi”, que ia até San Guido. A avenida arborizada foi concluída até Bolgheri, após a morte do poeta (1907), para homenageá-lo.

 

♦ O que torna os vinhos Bolgheri especiais? - Primeiro, eles são considerados um dos melhores vinhos produzidos na Toscana e um orgulho para a Itália no cenário mundial. A zona de produção de Bolgheri pode estar localizada na Toscana, mas é um mundo completamente diferente em comparação com as regiões vinícolas mais conhecidas da região, como Chianti, Montalcino e Montepulciano. Ela está situada perto do mar, ao contrário das outras regiões do interior.


Em segundo plano, a região de Bolgheri é aninhada como uma joia pelas suas colinas, por suas encostas que se banham ao sol enquanto ele se põe no Mar Tirreno, acariciado por brisas suaves. Muitos vinhedos em Bolgheri são plantados em terrenos a menos de 60 metros acima do nível do mar, enquanto os vinhedos em Chianti Clássico e Montalcino estão rotineiramente localizados a altitudes entre 360 ​​e 480 metros (ou mais).


Em terceiro lugar, os vinhos Bolgheri vêm de uma terra eternamente ligada ao vinho, uma das primeiras da Europa a cultivar videiras graças às práticas desenvolvidas pelos etruscos e agora associada aos famosos supertoscanos. Mas a diferença mais importante entre Bolgheri e as zonas do interior da Toscana é que Bolgheri é plantada principalmente com variedades de Bordeaux, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot, ao contrário do restante da Toscana, onde predomina a Sangiovese. Claro que há Sangiovese plantado em Bolgheri, mas essa variedade é menos abundante nesta região litorânea.


Bolgheri também tem uma história mais curta do que a maioria das regiões vinícolas da Toscana, já que o primeiro vinho produzido aqui foi na década de 1940, embora a indústria vinícola, para todos os efeitos, tenha começado com a safra de 1968, com o primeiro lançamento comercial do Sassicaia. Esse vinho recebeu enormes elogios da crítica, tanto por sua qualidade quanto por sua singularidade – tratava-se de um tinto toscano premium sem Sangiovese – e que literalmente colocou Bolgheri no mapa da viticultura.


A denominação DOC para o vinho Bolgheri abrange vinhos brancos, tintos e rosés da região centro-oeste da Toscana, na Itália, nomeada em homenagem à cidade localizada na costa de Livorno. No final da década de 1990, os vinhedos ocupavam apenas 200 hectares; hoje, abrangem cerca de 900 hectares ao redor do município de Castagneto Carducci, na província de Livorno, na parte ocidental da região. Este município recebeu o nome em homenagem ao historiador literário Giosuè Carducci (1835-1907), que passou sua infância lá. Bolgheri é um distrito localizado oito quilômetros ao norte, que inclui a reserva natural “Oasi di Bolgheri”, com aproximadamente 500 hectares.


Entre os produtores de vinho Bolgheri mais proeminentes e conhecidos estão Antinori, com a vinícola Guado al Tasso, e Gaja, com a vinícola Ca' Marcanda.

 

♦ DOC Bolgheri Sassicaia - Este é considerado o melhor vinho de Bolgheri. A região DOC Bolgheri Sassicaia, nomeada em homenagem à região de Sassicaia (referindo-se ao solo pedregoso, sassi = pedras), pertence a uma única vinícola, a Tenuta San Guido. Este vinho tinto ganhou fama no final da década de 1960 e contribuiu para o sucesso dos chamados Supertoscanos. No entanto, o vinho é comumente chamado simplesmente de Sassicaia, que também é um sinônimo ou nome da própria vinícola.

 

♦ Uma História de Trabalho - A história desta pequena, porém notável, vila toscana no município de Castagneto Carducci é de valores duradouros, qualidade, trabalho árduo e excelência. Devido à sua posição estratégica, Bolgheri atrai a atenção há séculos. Sua história moderna começou no final do século XVII. A família lombarda Della Gherardesca, governante absoluta da região, desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento da região e no estabelecimento de um próspero assentamento na região montanhosa, não muito longe do mar.


No final do século XVII, Guidalberto - um dos protegidos da família, moldou o destino de Bolgheri. O nobre começou a plantar os primeiros vinhedos nas planícies abertas de San Guido e Belvedere. Esses vinhedos deram origem ao que tornou Bolgheri e seus vinhos famosos: a icônica “Viale dei Cipressi”, uma avenida ladeada por ciprestes que liga Bolgheri a San Guido e que hoje atrai visitantes de todo o mundo. Guidalberto também iniciou a reestruturação dos vinhedos de Bolgheri, conduzindo a cidade à era moderna.


No início do século XX, Bolgheri ressurgiu para reivindicar seu papel com força e determinação renovadas. Depois de Guidalberto, outras figuras, agora lendárias, deixaram sua marca na história de Bolgheri. Em 1930, o Marquês Mario Incisa della Rocchetta chegou a Bolgheri, casando-se com uma das duas filhas dos Condes de Gherardesca. O destino, porém, interveio: a segunda filha de Gherardesca casou-se com outra figura proeminente, o marquês Niccolò Antinori.


A vasta propriedade Della Gherardesca foi assim dividida. O terreno à esquerda do “Viale dei Cipressi” foi para a família Incisa della Rocchetta, enquanto o direito foi dado à família Antinori. Foi a experimentação visionária de Mario Incisa della Rocchetta que transformou para sempre a qualidade dos vinhos de Bolgheri. O marquês decidiu produzir vinhos tintos no estilo francês, plantando videiras mais perto do mar - uma iniciativa ousada e nada convencional aos olhos dos moradores locais.


O vinho Bolgheri "experimental", resultante de décadas de esforço, foi inicialmente reservado para consumo familiar, até que Piero Antinori, filho de Niccolò, teve uma ideia inovadora: ele encorajou seu tio Mario a tentar comercializar o vinho.

 

♦ Sassicaia e a Ascensão dos Supertoscanos - Em 1972, nasceu oficialmente a primeira Sassicaia, nomeada em homenagem aos quase 600 hectares de terreno pedregoso (sassi = pedras) que Mario Incisa della Rocchetta havia dedicado ao cultivo de videiras. Inicialmente impopulares entre os moradores locais, esses vinhedos se tornariam lendários.


Em 1983, Bolgheri recebeu o status de DOC - mas apenas para vinhos brancos e rosés. Os vinhos tintos foram categorizados como Supertoscanos, por não se enquadrarem nas especificações tradicionais. Somente em 1994 os vinhos tintos de Bolgheri conquistaram seu próprio status de DOC, reconhecidos por sua mistura única de uvas Bolgheri, como Cabernet Sauvignon e Merlot.


O triunfo final veio em 1985, quando o renomado crítico de vinhos americano Robert Parker concedeu à Sassicaia a pontuação máxima de 100 pontos, garantindo o lugar de Bolgheri no cenário global.

 

A revolução vitivinícola - Daí para frente, numerosos produtores compraram terras e, à medida que críticos e consumidores descobriam o que poderia ser feito com as variedades de Bordeaux, Bolgheri tornou-se uma das regiões vinícolas mais importantes e respeitadas da Itália. Hoje, Bolgheri abriga 65 vinícolas, e alguns dos vinhos produzidos aqui, como Sassicaia de Tenuta San Guido, Ornellaia e Grattamacco, são lendários.


Existem duas categorias básicas de vinho tinto aqui: Bolgheri Rosso e Bolgheri Superiore. O primeiro representa 64% da produção total da denominação, enquanto o Bolgheri Superiore – que tem um teor alcoólico mínimo ligeiramente mais alto e é envelhecido por mais tempo antes de ser comercializado do que um Bolgheri Rosso – responde por 19% da produção total da DOC Bolgheri.


As variedades mais cultivadas são Cabernet Sauvignon (34%), seguidas por Merlot (22,2%), Cabernet Franc (15,8%) e Petit Verdot (4,8%), enquanto a Sangiovese, a variedade mais cultivada e conhecida da Toscana, representa apenas 1,2% do total plantado na zona de produção de Bolgheri.


Embora eu esteja escrevendo sobre os vinhos tintos neste artigo, vale ressaltar que os vinhos brancos também são uma parte importante de Bolgheri, representando 13% da produção total, sendo o Vermentino a principal variedade branca, com pouco menos de 10% do total plantado; o Sauvignon Blanc é a outra principal variedade branca aqui, representando pouco menos de 1% do total plantado no território.

 

● OS CLÁSSICOS: Um dos vinhos mais celebrados da Itália, o SASSICAIA é uma criação do

marquês Mario Incisa della Rocchetta, que plantou Cabernet Sauvignon em sua propriedade Tenuta San Guido, em Bolgheri, em 1944. De acordo com Nicolò Incisa della Rocchetta, filho de Mario e presidente da Tenuta San Guido, "Meu pai adorava um bom Bordeaux e queria tentar fazer vinho tinto. Ele escolheu os vinhedos pela exposição solar e altitude ideais, mas acima de tudo, pelos solos rochosos — semelhantes ao cascalho de Graves".


As plantas originais eram mudas de videiras de 50 anos da propriedade de um amigo perto de Pisa, arrancadas há muito tempo. "A maioria dos nossos vinhedos é plantada com este clone, proveniente dessas videiras velhas que tiveram mais de um século para se adaptar ao clima da Toscana", explica Nicolò. Durante décadas, o Sassicaia permaneceu como um vinho de consumo familiar, mas Nicolò e seu primo Piero Antinori convenceram Mario a vendê-lo comercialmente a partir da safra de 1968, lançada em 1971. Foi um sucesso imediato entre críticos e apreciadores.


A propriedade contratou o renomado enólogo consultor Giacomo Tachis para refinar ainda mais o vinho e aumentar a produção. Originalmente 100% Cabernet Sauvignon e já envelhecido em barricas francesas, Tachis insistiu na adição de 15% de Cabernet Franc. No final, o Sassicaia desencadeou uma revolução nos vinhos tintos de qualidade, com produtores em toda a Toscana notando seu sucesso e se esforçando para plantar uvas francesas e comprar barricas.


O Sassicaia é tão importante para Bolgheri que, quando o governo italiano alterou os códigos de produção para incluir os aclamados tintos de Bolgheri em 1994, o Sassicaia recebeu sua própria subzona. Em 2013, outra modificação transformou a subzona em uma denominação separada, tornando Bolgheri Sassicaia DOC uma denominação autônoma. Sassicaia é o único vinho na Itália a ostentar essa honra.

 

♦ ORNELLAIA - O Ornellaia seguiu de perto os passos de Sassicaia. Agora um mix de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Petit Verdot, a safra de estreia de Ornellaia em 1985 foi composta por 80% de Cabernet Sauvignon, 15% de Merlot e 5% de Cabernet Franc, envelhecida em barricas. O sucesso instantâneo do vinho, lançado em 1988, ajudou a consolidar a crescente reputação de Bolgheri como berço dos blends de Bordeaux produzidos na Itália.


A propriedade que dá nome à Ornellaia Bolgheri Superiore foi fundada pelo marquês Lodovico Antinori em 1981. Descendente de uma das famílias vinícolas mais famosas da Toscana, Lodovico chegou à região com o único propósito de produzir excelentes vinhos tintos, como o Sassicaia de seu tio. Após receber a propriedade de sua mãe, nos arredores da vila, Antinori limpou as oliveiras e outras culturas e plantou Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc.


Antinori estava convencido de que a combinação de brisas marítimas, temperaturas amenas e solos calcários, argilosos e arenosos da propriedade rivalizava com as condições encontradas em algumas partes da Califórnia. Admirador devoto dos vinhos californianos, especialmente dos Cabernets do Vale do Napa, Antinori contratou o famoso russo André Tchelistcheff, conhecido como o pai do Cabernet Californiano, como seu consultor original. Desde então, a propriedade mudou de proprietário algumas vezes. Propriedade da família Frescobaldi desde 2005, Ornellaia continua a expressar o melhor de Bolgheri. O corte tradicional deste vinho é 80% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot e 5% Cabernet Franc


Além do Ornellaia Bolgheri Superiore, a Tenuta dell'Ornellaia produz o Le Volte dell'Ornellaia, um vinho feito com Merlot, Cabernet Sauvignon e Sangiovese, que é feito com uvas da Indicação Geográfica Típica (I.G.T.) da Toscana. As uvas são fermentadas separadamente em tanques de aço inox, e o vinho estagia em barricas de carvalho e tanques de cimento durante 10 meses. Produzem também o Le Serre Nuove dell´Ornellaia (leia sobre ele na secção de vinhos da semana).

 

♦ GUADO AL TASSO - Elaborado com Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e, às vezes, uma pequena porcentagem de Petit Verdot, o Guado al Tasso Bolgheri Superiore é produzido por Piero Antinori e sua família em sua propriedade Guado al Tasso, em Bolgheri.


Produzido pela primeira vez em 1990, o vinho é elaborado com uvas cultivadas em solos aluviais que variam de argila e areia a argila e cascalho/pedregulhos, com depósitos rochosos conhecidos como scheletro. A propriedade de 340 hectares da propriedade abrange o Anfiteatro Bolgheri, uma planície cercada por encostas onduladas voltadas para o Mar Tirreno, que desfruta de alta insolação e um microclima distinto. Os vinhedos da propriedade "estão localizados aos pés do anfiteatro, onde as brisas frescas da noite refrescam as videiras", afirma Albiera Antinori, presidente da Marchesi Antinori.


Após uma seleção criteriosa das uvas, cada parcela do vinhedo é fermentada separadamente em aço e, em seguida, transferida para barricas para finalizar a fermentação malolática. Em fevereiro, o vinho dos melhores talhões compõe o blend final, que é então envelhecido por 18 meses em barricas novas de carvalho. Com estrutura e finesse, o Guado al Tasso também possui grande longevidade - 20 anos ou mais nas melhores safras.


Para uma região tão badalada como Bolgheri, Il Bruciato – produzido pela Guado al Tasso, é bastante acessível para aqueles que querem conhecer esses vinhos sem desembolsar uma fortuna. Este corte é baseado em Cabernet Sauvignon (55%), complementado por Merlot (30%) e Syrah (15%). A vinificação prioriza maximizar a extração de taninos da Cabernet, enquanto a Merlot e Syrah fornecem um lado mais frutado e aromático. O vinho passa cerca de sete meses em barricas. Os aromas de frutas escuras, defumados e chocolate são bem presentes. Em boca tem bom frescor, taninos marcantes e final equilibrado.

 

♦ CASTELLO DI BOLGHERI SUPERIORE - O Castello di Bolgheri Superiore é produzido nas adegas mais antigas de Bolgheri, construídas pela nobre família Gherardesca em 1796. Federico Zileri Dal Verme, atual proprietário do Castello di Bolgheri, é descendente direto da dinastia Gherardesca. Embora a propriedade tenha uma longa história na produção de vinhos, ela permaneceu relativamente desconhecida até que Zileri a assumiu em meados da década de 1990 e retomou a tradição vinícola da família. Em 1995, ele replantou os vinhedos da propriedade com Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah e Petit Verdot, lançando sua safra de estreia de 2001 em 2004.


“Quando plantadas aqui em Bolgheri, essas variedades produzem vinhos com taninos redondos e maduros, com grande mineralidade graças à mistura de solos calcários, argilosos e arenosos, repletos de pedras muito pequenas, e à intensidade da luz refletida no mar”, diz Zileri, que também atua como enólogo junto com Alessandro Dondi. Ele acrescenta: “Também possuo propriedades na região de Chianti onde plantei essas mesmas uvas, as cultivei e as vinifiquei da mesma maneira. Mas os resultados foram completamente diferentes, comprovando a importância do terroir.”

 

● OS REBELDES:


♦ MASSETO - O Masseto IGT sempre quebrou as regras. Feito com Merlot, ele foge da convenção Bolgheri de blends à base de Cabernet Sauvignon. Um dos maiores Merlots da Itália, o Masseto IGT se distingue por sua rica fruta, estrutura e textura aveludada.


Masseto, cujo nome deriva da palavra italiana massi, que significa grandes rochas, refere-se aos torrões duros de argila que formam os solos do vinhedo homônimo, deve sua existência a Lodovico Antinori, fundador da Ornellaia, e a André Tchelistcheff, o enólogo consultor original da empresa.


Enquanto procurava por locais para vinhedos, Tchelistcheff se apaixonou por uma propriedade de 7 hectares que, segundo ele, seria ideal para Merlot. A colina, composta principalmente de argila compacta cinza-azulada, ficava fora dos limites originais da propriedade Ornellaia. Convencido por Tchelistcheff de que o local produziria um Merlot excepcional, Antinori adquiriu o terreno e plantou Merlot. Após um engarrafamento experimental em 1986, que demonstrou um potencial incrível, o primeiro lançamento oficial da Masseto foi a safra de 1987. Graças à sua fruta opulenta e aos aromas complexos de taninos envolventes, foi um sucesso instantâneo.


“A alma e a estrutura do Masseto vêm da argila compacta na parte central da colina, enquanto o topo da colina é mais arenoso e rochoso, adicionando elegância”, diz Axel Heinz, diretor da propriedade Masseto. “A argila e a areia no fundo também ajudam a suavizar a estrutura tânica do Masseto.”


Fermentado em tanques de concreto e barricas, o Masseto passa pela fermentação malolática em todas as barricas novas e, após a mistura final de todos os lotes, envelhece 24 meses em barricas e um ano em garrafa antes de chegar ao mercado.


De propriedade de Marchesi Frescobaldi e anteriormente parte da propriedade Ornellaia, em 2019 a Masseto tornou-se independente, com sua própria vinificação de vanguarda e adegas de envelhecimento.


Em algumas safras recentes, a Masseto continha uma pequena porcentagem de Cabernet Franc. "Plantamos Cabernet Franc há vários anos e agora as videiras têm a idade e a qualidade para adicionar à Masseto, mas claramente a Masseto permanecerá predominantemente Merlot. Decidiremos a cada safra se adicionaremos ou não uma pequena quantidade de Cabernet Franc", diz Heinz.

 

♦ LE MACCHIOLE - Se você é fã de Cabernet Franc, há uma grande chance de adorar o Le Macchiole Paleo Rosso IGT. Feito inteiramente com Cabernet Franc, o Paleo recebeu o nome de uma erva selvagem que cresce ao longo da costa da Toscana. Lançado pela primeira vez em 1989 como um blend composto predominantemente por Cabernet Sauvignon com uma pequena quantidade de Sangiovese, em 1993 os fundadores da Le Macchiole, Eugenio e Cinzia Merli, decidiram adicionar Cabernet Franc à mistura. O destino do vinho tomou um novo rumo em 2000, uma safra escaldante. Para adicionar mais acidez fresca e energia, a propriedade aumentou a quantidade de Cabernet Franc para 30% do blend - com resultados empolgantes e transformadores.


Desde 2001, o Paleo Rosso é 100% Cabernet Franc, um risco dado a reputação da uva. "O Cabernet Franc é frequentemente visto como o infeliz irmão mais novo do Cabernet Sauvignon", diz a proprietária Cinzia Merli, "por ser mais verde, menos refinado, indomável e difícil de trabalhar. Mas em Bolgheri, o Cabernet Franc se transforma em algo diferente: é muito frutado, surpreendentemente fresco e tem taninos suaves."

 

♦ IL CAVALIERE - Michele Satta Il Cavaliere IGT, feito com 100% Sangiovese, abalou o status quo de Bolgheri como berço de variedades de Bordeaux com sua safra de estreia em 1990. Provou que a uva tinta onipresente na Toscana (e a variedade tinta mais plantada em toda a Itália) poderia se destacar neste pedaço da Toscana costeira.


Michele Satta se apaixonou por Bolgheri em 1974, enquanto viajava pela Toscana no trailer de sua família durante as férias de verão. Natural de Varese, no norte da Itália, Satta prolongou sua viagem para passar a colheita em uma pequena fazenda e, em seguida, transferiu-se da Universidade de Milão para a Universidade de Pisa para ficar mais perto.


Após se formar em agronomia, começou a trabalhar em uma vinícola local em Castagneto Carducci, a cerca de 11 quilômetros do vilarejo de Bolgheri, fundando sua própria vinícola em 1983, encontrando terras e construindo a adega em 1987 e plantando seu primeiro vinhedo em 1991 — com Cabernet Sauvignon e Merlot, mas também Syrah e Sangiovese, que ele acreditava que "poderiam ser grandes expressões do terroir mediterrâneo de Bolgheri".


Tradicionalmente, o Sangiovese cultivado na região de Bolgheri era usado para produzir rosatos. Satta provou que o Sangiovese cultivado em Bolgheri pode produzir tintos encorpados, com profundidade, elegância e longevidade. "O Sangiovese é mais vigoroso que o Cabernet Sauvignon e exige mais trabalho nos vinhedos. Ele precisa de mais espaço e mais podas verdes para controlar a produtividade e gerar qualidade", explica Satta.


A fermentação, incluindo 30% de cachos inteiros, é realizada com leveduras nativas em grandes tonéis de carvalho abertos, seguida de um envelhecimento de 12 meses em tanques de concreto. O resultado são vinhos encorpados e polidos, com sabores suculentos, notas salinas e taninos macios.


Como a regulamentação atual não permite que um vinho 100% Sangiovese seja rotulado como DOC, o Il Cavaliere é um IGT. "É hora de nos concentrarmos no essencial, que é a origem do vinho, não as uvas ou o blend", diz Satta. "Porque o Il Cavaliere é um verdadeiro vinho Bolgheri. Ele demonstra seu caráter mediterrâneo que o diferencia do Sangiovese de outras regiões."


Com origens humildes, enraizadas na tradição etrusca, até a ascensão dos mundialmente renomados Supertoscanos, Bolgheri provou ser um símbolo de excelência na produção de vinhos. Seu terroir distinto, a combinação magistral de castas excepcionais e os esforços visionários de produtores lendários tornaram a região numa joia no mundo dos vinhos finos.


Com estas dicas é possível encontrar vinhos Bolgheri que estejam dentro de um orçamento mais apertado e assim você poderá apreciar a elegância e qualidade destes vinhos. Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não do artigo!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).

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O VINOTÍCIAS foi criado por Márcio Oliveira, com o intuito de disponibilizar em um único espaço dicas de vinho, enogastronomia, eventos, roteiros de viagens e promoções. Inicialmente era disponibilizado na forma de uma newsletter para alunos, ex-alunos e amantes do vinho, com o crescimento do mercado e o amadurecimento do projeto a necessidade de um espaço maior para tantas informações se fez necessário e assim surgiu o blog e o site.

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