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Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“O QUE ESPERAR EM VINHOS PARA 2021?”

Nesta última semana do ano de 2020, muitos leitores do VINOTÍCIAS e amigos estão me perguntando o que eu imagino que irá acontecer com os vinhos em 2021.

De certa forma, o artigo de Suzana Barelli responde parte destas questões, mas resolvi ir mais além e ver o que estão críticos e experts estão escrevendo sobre o assunto.


Não há dúvida que a expectativa é que tenhamos um ano muito melhor com a chegada da vacina para o Covid-19 e que as energias negativas fiquem para trás.


Talvez, a primeira notícia que importa seja dizer que a firma britânica Wine Inteligence publicou recentemente a previsão das tendências para 2021 em artigo assinado por Richard Halstead, cofundador e diretor de operações da empresa. Apesar de que o ano de 2020 seja lembrado como um período que marcou o mercado de vinho principalmente na área econômica, com mudanças significativas na forma de comercializar a bebida, é bem verdade que se alguns setores vitivinícolas tenham se beneficiado, como alguns canais de distribuição no varejo e importadores que investiram em vinhos de menor valor agregado, além de grandes vinícolas com capacidade de reação e amplamente diversificadas no mercado internacional, a realidade é que o efeito deste ano foi devastador para a maioria das pequenas vinícolas e muitas empresas ligadas ao setor vitivinícola: restaurantes, hotéis, bares, catering, hotelaria, eventos e turismo, principalmente. Aliás, neste aspecto, a pesquisa da Wine Intelligence prevê um crescimento lento do enoturismo físico que “demorará muito a recuperar”, referindo que os visitantes presenciais à porta da adega ficarão limitados àqueles moradores viajando por um curto espaço de tempo.


Nesse sentido, Halstead em seu artigo coloca alguma luz no fim do túnel. Embora 2021 não mude a situação da noite para o dia, na Wine Intelligence eles acreditam que as coisas podem começar a voltar ao normal no meio do ano de 2021, à medida que as vacinas se espalharem e a comunidade médica aprender mais sobre como controlar o vírus. A partir da pesquisa da consultoria, eles avaliam que mais atividades serão possíveis, incluindo o retorno aos restaurantes, que as pessoas possam voltar a fazer viagens, que incrementem o consumo do vinho e da gastronomia. Em seu artigo, Richard Halstead, arrisca-se a crer num “grande segundo semestre para 2021” no turismo e na indústria HORECA (hotéis, restaurantes e catering) à medida que a atual demanda “reprimida” aos poucos “se liberte” da atual situação de contenção sanitária.


Um dos aspectos positivos deste período da pandemia foi na minha opinião uma quantidade incrível de lives entre formadores de opinião e enólogos, importadores, ou críticos, que forneceu um volume enorme de informações e estímulos para o consumo do vinho, aumentando a conexão entre os produtores, seus importadores e distribuidores, e os consumidores finais. Sobre vários temas, chegamos a realizar cerca de 20 lives, conquistando um público fiel nas noites de quinta-feira, além de realizar um ótima “Sherry-Week” com 3 atividades em parceria com a Confraria Feminina mineira - LuluVinhas.


Muitas empresas reposicionaram os projetos de comercialização de suas lojas de e-commerce ou melhoraram seus sistema de logística e conectividade com seus consumidores, resultando nos canais de vendas online (web e aplicações) tornaram-se os grandes vendedores do período. A virtualidade dos contatos acabou resultando em degustações “on-line”, lançamentos mundiais de vinhos, feiras digitais. Ou seja, o mercado se revolucionou e reinventou-se na perspectiva de continuar vivo!


O aumento da participação retalhista de vinhos online (marketplaces e e-commerce de vinhos) bem como os aumentos do volume de vendas que foram claramente observados em vários mercados (na Espanha se pode verificar aumentos de vendas superiores a 200%) continuará em 2021 impulsionado por investimentos e consolidação significativos, de acordo com Wine Inteligence. No entanto, face à crescente concorrência, a chave para ganhar nas vendas online de vinhos para 2021 não será tanto o produto ou o preço como a logística, mas especificamente: a rapidez na entrega do produto. Segundo a Wine Intelligence, o consumidor não vai esperar vários dias até que o vinho chegue às sua casa e as operadoras que fizerem as melhores e mais rápidas entregas vão dominar o mercado. A palavra-chave para 2021 no e-commerce do vinho será portanto: “entrega rápida”.


Mas se esta notícia é boa, eu costumo dizer que não bônus sem ônus e, outra previsão do artigo da Wine Intelligence é que o preço médio do vinho vai aumentar e os litros vendidos vão cair. Não é necessário dizer que se a quantidade de vinho que uma vinícola vende (volume em litros) diminuir, a forma de aumentar a receita com o volume de negócios (ou pelo menos evitar perdas) é aumentar o preço médio por litro. Assim, na pesquisa da Wine Inteliligence consideram que em 2021 os volumes de vinho vão diminuir e o custo por garrafa vai aumentar, avisando que a situação econômica pode condicionar de alguma forma (impostos, tarifas, restrições alfandegárias ou sanitárias, …).


Esta tendência já vem sendo verificada em 2020 (um dos exemplos é a Espanha), a julgar pelos últimos dados do OEMV que mostram quedas nas exportações em praticamente todas as categorias mas aumento do preço médio, embora insuficientes para conter as quedas de receitas no volume de negócios. Consideram também que esse aumento de preços pode ser “mitigado pelos excessos de estoques de vinhos de vários países produtores que entrarão no mercado em 2021”.


Por outro lado, se tendência é aquilo que está potencialmente por acontecer, nada impede que resultado seja mudado por algum capricho do mercado. Essas previsões sobre os movimentos de mercados e lançamentos das vinícolas, devem sempre ser considerados como expectativas.


Então, aqui vão minhas dicas:


● Espumantes: está aumentando o número de produtos nature e extra brut para os consumidores. Esses espumantes mais secos, antes eram encontrados apenas em espumantes mais elaborados e, agora tem para todos os bolsos e gostos.


● Rosés: Outra tendência que continua em alto e as projeções mantém em crescimento são os rosés, tanto para vinhos quanto para espumantes. Os vinhos continuam tendo bom volume de de venda e lançamentos, e cada vez mais, vemos marcas novas no mercados.


● Brancos e Tintos: Cada vez mais castas que eram secundárias em cortes vão tomando espaço nas prateleiras dos lojistas e importadores. Castas como Cabernet Franc, Garnacha, Monastrell, Viognier, Alvarinho, Semillon e Riesling, antes escondidas atrás dos cortes ou assemblagens, aos poucos estão obtendo destaque e aparecendo com belos rótulos varietais.


● Vinhos ou Bebidas a Base de Vinho: A categoria de “vinhos seltzer” (vinhos ou bebidas à base de vinho, com baixo teor alcoólico, mais doce e com bolhas) “era praticamente desconhecida há 5 anos; hoje é o setor mais interessante em bebidas alcoólicas”, diz a Wine Inteligence. Nos Estados Unidos, o setor experimentou um crescimento percentual de três dígitos nos últimos 2 anos e espera-se que triplique de tamanho novamente até 2023, de acordo com uma análise do IWSR. Para muitos, a bebida “com gás” é algo desconhecido, ainda mais considerando que se parece mais com um refrigerante do que qualquer outra coisa, pois é simplesmente uma água gaseificada suave e doce com um pouco de vinho, e que o mercado ainda é relativamente pequeno. No entanto, a Wine Intelligence prevê que em 2021 “muitos produtores de vinho serão vistos entrando na onda de “vinhos seltzer”.


● Novas formas de embalagens: Formatos alternativos de embalagem começarão a ser mais populares no mercado tradicional, prevê a Wine Intelligence, embora alertem que a primazia da garrafa de vidro no mundo do vinho não está ameaçada, por enquanto. No entanto, formatos alternativos de embalagem estão florescendo em todos os países para atender a novas necessidades, especialmente impulsionados por preocupações com as mudanças climáticas devido à “crescente preocupação com a quantidade de carbono emitida para produzir uma garrafa de vidro e enviá-la ao mercado. O ano de 2020 foi um ano inesperadamente bom para o formato Bag in Box (na Espanha foi a única categoria de vinho positiva em volume de negócios e volume de vendas, de acordo com os dados OEMV mais recentes). Foi também um bom ano para vinhos enlatados que oferecem a vantagem 3-P (Portabilidade, Porções e Conservação); formato que explodiu em alguns países (como os EUA) e que várias vinícolas já começaram a comercializar na Espanha e mesmo no Brasil. De acordo com a Wine Intelligence, em 2021 o impulso nos mercados de Bag-in-Box e lata continuará.


No Brasil, marcas de vinhos em latas já consolidadas no mercado e a cada semana surgindo uma novidade, a embalagem estão ganhando adeptos e, para o verão é uma ótima pedida por ser fácil de transportar, gelar a bebida e, ainda, reciclar. Além disso, a embalagem favorece aqueles que querem beber em menor quantidade ou quem vai consumir vinho ou um espumante.


● Vinhos Jovens e Prontos e Vinhos Maduros: com um público cada vez mais jovem bebendo vinho, o mercado deverá privilegiar vinhos jovens que chegam prontos ao mercado, onde predominam os aromas e sabores de frutas maduras. Os vinhos maduros constituirão um setor mais reservado a pessoas que bebem vinhos procurando os benefícios da sua guarda, complexidade e harmonia que o tempo lhes confere.


No mais, é desejar que todos tenhamos um Feliz 2021 melhor ainda que o Ano que passou !!! Saúde !!! (artigo resultado de pesquisas na Internet)

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