Já que faremos um Roteiro Enogastronômico pelos Vales de Salta e Jujuy, no Norte Vinícola da Argentina, organizado pela Zenithe Traveclub de Mariella Miranda e German Alarcon, nada melhor que escrever sobre o que conheceremos, já que os Vales do Norte oferecem um cenário cativante que funde a tradição mágica com altitudes extremas.
JUJUY - Localizada no extremo noroeste do país, a província de Jujuy se destaca pela cor única de sua terra e pelo rico patrimônio cultural. Jujuy é uma província administrativa perto da fronteira da Argentina com a região chilena do Atacama e a Bolívia, ficando quase inteiramente na metade oriental da cordilheira dos Andes. A maior e mais fértil região vinícola de Salta fica ao sul.
A província vizinha à de Salta, Jujuy, é certamente uma dobradinha perfeita para quem tem mais tempo para conhecer o Norte do país. Ela está rodeada por montanhas multicoloridas, salares e rios cristalinos, a cidade também é território fértil em muito folclore e festas populares (sobretudo em agosto, quando diversas celebrações à Pachamama, a mãe terra segundo a crença andina, acontecem em toda a região).
Pumamarca é uma das principais bases turísticas de quem desbrava as atrações mais importantes da província de Jujuy. Rodeada pelo Cerro de los Siete Colores e conhecida como coração da Quebrada de Humahuaca, Pumamarca certamente encanta com suas ruazinhas de terra batida e casinhas de adobe.
É a área vitícola mais ao norte da Argentina, e uma das mais próximas do equador no hemisfério sul. Também possui alguns dos vinhedos mais altos do mundo. Com a área total cultivada de 73,2 hectares e altitude das vinhas entre 1.673 e 3.329 metros acima do nível do mar.
Com uma história relativamente recente no cultivo de variedades finas, a viticultura de Jujuy existe no alto das montanhas, principalmente na área dos Vales Templados, perto da capital provincial, e na Quebrada de Humahuaca, declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO. Os vinhedos ficam no estreito vale Quebrada de Humahuaca, com 80 quilômetros de extensão, e nos mais quentes Vales Templados, mais ao sul. A primeira é uma nova Indicação Geográfica (IG) criada em 2015, onde as vinhas estão plantadas até uma altura de 3.329 metros.
A altitude das vinhas em Jujuy varia de 1.673 metros acima do nível do mar até um pequeno vale perto de Chucalezna, onde o vinhedo Moya fica a 3.280 metros acima do nível do mar, considerado o vinhedo mais alto do mundo.
É uma região vinícola relativamente pequena e menos estabelecida comercialmente do que alguns dos seus vizinhos. A produção começou apenas no início dos anos 2000. Muito pouco vinho de Jujuy chega ao mercado internacional.
Fortemente influenciado pela altura, o clima apresenta amplas amplitudes térmicas diárias, elevada radiação solar e escassas precipitações anuais. Apesar de sua proximidade com o equador (na latitude de 23°S), as temperaturas extremas de Jujuy são moderadas pela elevada altitude dos vinhedos.
Esta altitude também aumenta a intensidade e a duração da luz solar disponível para as suas vinhas. Em altitudes mais baixas, a província é principalmente semidesértica.
Malbec é a variedade mais plantada, seguida de Syrah, Cabernet Franc, Merlot e Cabernet Sauvignon. Os vinhos apresentam boa estrutura e cor quase preta com contornos violáceos, característica típica dos vinhos de extrema altitude.
As variedades predominantes são: Cabernet franc, Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot e Syrah.
GASTRONOMIA DO NORTE ARGENTINO – A Argentina é reconhecida pela sua ótima qualidade de carne bovina. Possivelmente a melhor do mundo segundo alguns especialistas, mas neste artigo vamos falar da cozinha regional característica das províncias do Norte do país.
A Argentina é o sétimo pais com maior extensão territorial do mundo, as culturas que se desenvolveram longe da “Gran Capital” – Buenos Aires, foram enriquecidas pelas constantes imigrações que recebeu o país nos últimos 150 anos. Espanhóis, Italianos, Sírios, Libaneses, Judeus, Alemães, Ingleses, Galeses, Gregos etc.; colonizaram aquelas zonas que possuíam similitudes com suas terras originarias.
Os espanhóis, judeus e italianos ficaram na cidade de Buenos Aires e Província de Buenos Aires, os sírios e libaneses nas regiões áridas do Norte e com grande potencial para os cítricos e olivais, próximas à Cordeira dos Andes.
Os galeses se localizaram ao sul do país, nas regiões frias e nevadas, com grandes lagoas e clima similar às terras britânicas. Alemães escolheram ficar em regiões úmidas da “mesopotâmia” argentina, perto da fronteira com o Estado de Rio Grande do Sul e Paraná do Brasil.
Esta mistura de estilos fez evoluir uma surpreendente variedade de estilos regionais de cozinha. Deixando do lado o clássico e já reconhecido Asado, vamos mencionar algumas comidas das províncias do Norte que você tem que provar.
Culturas andinas como os Quéchuas ou Aimarás tiveram uma grande contribuição na gastronomia desta região. Estes povos originários da América, utilizavam o milho e a batata como estrelas principais de suas comidas. O feijão, pimentões ou carne da Alpaca e Guanaco (cameridos típicos destas regiões) eram ingredientes secundários.
No roteiro por Salta e Jujuy, percebe-se que a gastronomia é um aspecto muito importante, com destaque para Jujuy, que vai do asado de cordeiro ao gratinado de lhama, por exemplo. São muitos os saborosos e imperdíveis pratos típicos da região. Aliás, espere também encontrar muito milho, quinoa e batata como acompanhamento.
Algumas das mais reconhecidas comidas típicas no Norte Argentino são o Locro, Humitas, Empanadas, Pucheros, Carbonada, Lentejas, Tamales e quesillo com mel, uma das sobremesas mais famosas.
Locro: O locro é um prato de origem criolla, com bastante sustância, parecido com uma sopa ou guisado. É uma comida típica da Argentina bem raiz. Esse ensopado de carne é preparado em uma única panela, com ingredientes frescos como milho, abóbora, batata, feijão branco, bacon, toucinho, carne de boi, linguiças, temperos e outros ingredientes, variando um pouco em cada província. O prato andino é muito consumido no inverno especialmente na região da Quebrada de Humahuaca, no norte da Argentina, onde faz mais frio.
Carbonada: Caldo agridoce de pêssego, milho em grãos, batatas e carne de boi. Comida típica da época colonial na Argentina, ela é feita em um fogão à lenha, com uma mistura de carne, milho, batata, abóbora, cenoura e outros, a fogo lento. Uma vez que se chega no ponto da cocção, pode ser temperado com orégano, pimentão, cebola, salsinha, alho e qualquer outra erva de preferência para dar mais gosto. Apesar de ser muito comum na Argentina, essa comida também é parte do cardápio no Chile, na Bolívia e no sul do Peru.
Mondongo à Criolla: Mondongo (estômago de boi) feijão preto, feijão branco, linguiça, cenouras, batata doce, batata, mandioca e molho de tomates naturais.
Lentejas: Lentilhas, carne de boi, bacon, batata e linguiça.
Humita: Milho ralado, pimentas vermelhas, manjericão, queijo e condimentos. Lembra visualmente uma pamonha, mas não quer dizer que seja exatamente igual a pamonha como conhecemos aqui no Brasil. A Humita na Argentina leva cebola picada, manteiga, manjericão e é cozida em água salgada envolta em folhas de milho.
Tamales: Farinha de milho, carne de porco, carne de boi, cebolas, e molhos bem condimentados.
Pastel de Papa: Pimentões vermelhos, carne de boi, azeitonas, purê de batatas e molho de cominho.
Importante lembrar que os argentinos também têm uma particularidade na hora de fazer suas refeições, pois costumam tomar café, almoçar e jantar em horário diferentes ao brasileiro; por exemplo almoçando ao redor das 14h ou mais e jantando bem tarde, por isso é bem comum fazerem intervalos durante a tarde para tomar mate com alfajor ou algum outro doce.
Na próxima semana escrevemos sobre CATAMARCA E TUCUMAN!!! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).
Comentários