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Foto do escritorVinotícias - Marcio Oliveira

MASI COSTASERA AMARONE CLÁSSICO 2012 – VÊNETO – ITÁLIA

As primeiras ondas de frio me fazem lembrar de ser hora de buscar vinhos mais encorpados e que se casam melhor com pratos mais próprios do inverno. Época para beber Amarones, Chateauneuf-du-Pape, Brunellos, Bordeaux mais maduros....


Diz a lenda que o Amarone surgiu por engano de um enólogo italiano na região de Valpolicella, nos arredores de Verona (cidade no nordeste da Itália, a duas horas de Veneza). Valpolicella é uma região de colinas, conhecida por produzir cinco tipos de vinhos italianos de grande renome: Valpolicella Classico, Valpolicella Superiore, Valpolicella Superiore Ripasso, Amarone della Valpolicella e Recioto della Valpolicella.


Dizem que tudo começou com o Recioto, um vinho de sobremesa. Para produzir esse vinho doce, as uvas autóctones da região de Valpolicella – Corvina, Corvinone, Rondinella e Molinara -, são deixadas nos cachos até o final da colheita, sendo as últimas a serem colhidas, apenas quando a maturação estiver 100% completa. Depois disso, selecionam-se as melhores uvas dos melhores cachos que serão pacificadas (desidratadas) por seis meses em esteiras de madeira ou penduradas em um teto de um galpão ventilado, durante todo o inverno. Após esse período, as uvas murcham, perdendo de 30 a 40% do seu peso, e ganhando um aspecto de uva passa, concentrando açúcares e sabores, processo conhecido como “appassimento”. Durante a vinificação lenta (costuma durar 45 dias a mais do que os vinhos tradicionais), a fermentação é interrompida, ou seja, as uvas não terminam totalmente a transformação de açúcar em álcool, resultando em vinhos mais doces, poucos alcoólicos, mas muito complexos.


Diz a lenda que, há cerca de 70 anos, um enólogo esqueceu de interromper a fermentação do Recioto em um barril de carvalho e, consequentemente, todo o açúcar das uvas foi transformado em álcool, resultando em um vinho seco e mais amargo – amaro, em italiano. Os Amarones são vinhos extremamente complexos, intensos e encorpados, além de alcoólicos, já que são feitos com uvas desidratadas. Hoje, para nossa sorte, os Amarones se tornaram um estilo tradicional da região – e o seu principal vinho -, e são selecionadas para sua produção apenas as uvas das vinhas mais velhas de cada vinhedos.

Nas últimas décadas, renasceu no Vêneto um movimento de diversos produtores de Valpolicella de resgatar um método ancestral de produção de vinhos na região, o Ripasso. Esse movimento foi tão forte que, em 2009, o vinho ganhou seu próprio DOC, o Valpolicella Ripasso. Em italiano, Ripasso significa “passar de novo”, e dá nome à técnica que leva os lotes recém fermentados do vinho Valpolicella a passar uma segunda fermentação junto com o bagaço (cascas de uvas, sementes e leveduras) do vinho Amarone ou do Recioto. O resultado é surpreendente: vinhos mais complexos, mais ricos e mais alcoólicos do que o Valpolicella Classico, com uma cor profunda.


As uvas que compõem este exuberante Amarone são cultivadas na zona de Valpolicella Classico, em encostas com vista para o pôr do sol e o Lago Garda – que reflete a luz solar, beneficiando a maturação das uvas. São vinhedos tidos como alguns dos melhores para se elaborar Amarone. Após o appassimento das uvas, sendo que a Corvina desenvolve botrytis (podridão nobre), o que contribuiu em complexidade, ocorre a fermentação alcoólica em grandes cascos de carvalho da Eslavônia e também em inox. A malolática é realizada e, em seguida, o vinho estagia em grandes cascos de carvalho da Eslavônia (80%) e em pequenas barricas novas e usadas de carvalho francês e da Eslavônia (20%), durante 28 a 30 meses. Este é um inigualável Amarone, capaz de se manter em forma por várias décadas.


● Uvas: Corte de Corvina, Corvinone, Molinara e Rondinella.


● Notas de Degustação: Cor rubi escuro, que não denota evolução. Aromas de cereja negra, de frutas cozidas, uva passa, frutas secas como o figo turco e tâmaras, com toques balsâmicos, de chocolate amargo e de especiarias. Em resumo, uma grande complexidade, que se repete no paladar sedoso, refletindo cerejas maduras, com uma estrutura firme e notas de terra, de tabaco e nota verde de floresta.


● Estimativa de Guarda: Pronto para beber, mas aguenta até 2027 segundo a vinícola.


Notas de Harmonização: Perfeito para harmonizar com carnes vermelhas assadas e grelhadas. Carnes cozidas em molhos suculentos, ao estilo brasato italiano. Acompanhou muito bem um Arroz Piemontês com escalopes de filet.


Serviço: servir entre 16 e 18ºC, numa taça grande.


Faixa de Preço – $$$$$


Em BH – EPICE – Rafaela Cançado - Tel.: (31) 99957-6030

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