Apesar de serem vinhos ideais para o clima tropical brasileiro, o mercado de vinhos nacionais consome predominantemente vinhos tintos. Uma das razões para isto está em ideias equivocadas que alguns amantes de vinhos tem em relação aos vinhos brancos.
O Brasil é um país extremamente quente durante boa parte do ano e pede por bebidas refrescantes, como os vinhos espumantes, brancos e rosés. Entretanto, pelo que percebo, somente os espumantes são os vinhos mais bebidos quando alguém busca refrescar-se.
É interessante lembrar que o brasileiro passou a se interessar mais por vinho a partir dos vinhos brancos alemães que começaram a aportar no Brasil por volta da década de 70. Naquela época o cenário era completamente diferente: 70% do consumo era de vinhos brancos. Essa realidade começou a mudar após o chamado Paradoxo Francês ser conhecido e levado em conta, que comprovava os benefícios de beber vinho tinto, “rico em polifenóis ou compostos fenólicos, que estão presentes nas cascas e nas sementes das uvas tintas e comprovadamente possuem atividade antioxidante. Leve-se em conta também a relevância que passou a ser dada para a Dieta Mediterrânea, considerada uma proteção contra doenças cardíacas e diabetes, redução de alergias, controle do peso, prevenção do Alzheimer, osteoporose e câncer. A lógica da pirâmide alimentar italiana parte do princípio de que, para ter saúde, não é preciso privar-se do bem-estar. O que significa que vinho, cerveja e até embutidos são opções permitidas. Com moderação, é claro.
Entre os benefícios do vinho branco, podemos destacar o menor teor alcoólico (apesar de que esteja subindo por conta do aquecimento global), o que favorece o consumo da bebida como aperitivo. Claro que ao longo do tempo, já escutei vários comentários, do tipo “vinho branco dá dor de cabeça!”, ou dá dor nas pernas e estômago!” “Vinho branco não tem gosto de vinho!” ou “vinho branco é fraquinho…” e já ouvi que “vinho branco serve para escovar os dentes e deixar o hálito perfumado!”.
O vinho branco tem, especialmente quando consumido em excesso, uma reputação pior do que o tinto ou o rosé. Algumas pessoas até dizem que não aguentam bebê-lo, desde o primeiro gole. A razão está no seu processo de vinificação e pode ser resumida em uma palavra: sulfitos.
A quantidade de sulfitos é maior ali do que nos vinhos tintos, em média 25 a 30%. Nem todo mundo é intolerante a isso, longe disso, mas se você é sensível a isso, então o vinho branco pode causar dores de cabeça e cãibras, devido ao efeito vasodilatador do SO2 (dióxido de enxofre) e sua capacidade de capturar oxigênio.
Dito isto, o vinho branco não é o único culpado nesta história, já que champanhes e rosés geralmente contêm uma dose semelhante de sulfitos. Os sulfitos protegem o vinho de bactérias indesejadas que podem contaminar a bebida, como a oxidação, e ajudam a manter uma cor brilhante. A melhor forma de os contornar é, logicamente, avançar para os vinhos sem adição de sulfitos, os famosos “vinhos sem enxofre”.
Para outros, há esperança: os níveis de sulfito tendem a diminuir, graças a métodos de vinificação mais avançados. Mas também graças ao desenvolvimento de uma nova técnica, apelidada de “bioproteção”. Consiste em inocular o um caldo com leveduras selecionadas, que será derramado sobre o solo de plantio da vinha e evitar a proliferação de outras bactérias e fungos indesejados. Assim, os viticultores podem reduzir drasticamente seus níveis de enxofre sem arriscar a qualidade de seu vinho.
Não se esqueça que o champanhe e boa parte dos espumantes é primeiro, um vinho branco. E que costuma ser feito com uma boa porção de uvas tintas! É bem possível obter vinho branco com pinot noir, por exemplo, ou gamay, desde que não deixe o suco macerar em contato com as partículas corantes da casca da uva. Existem também pequenos cuvées produzidos desta forma, seja como um desafio para o enólogo, seja porque, por exemplo, a sua colheita de uvas brancas foi destruída por um acidente climático. As uvas muito densamente tintas serão, no entanto, mais difíceis de vinificar em branco mas, com uma prensagem suave, obtém-se um sumo “branco manchado”. E para terminar, vale a pena lembrar que há alguns rosés, tão pálidos que você pode confundi-los com brancos.
Note que o inverso também é falso: com uvas brancas, não produzimos apenas vinho branco. Se o sumo macerar durante algum tempo com as cascas, como nos vinhos tintos, o enólogo obterá vinho no estilo laranja! Finalmente, algumas regiões, como o Vale do Rhône em particular, permitem uma pequena proporção de uvas brancas em vinho tinto (muitas vezes até 5%), a fim de acalmar o ardor de vinhos que são muito massivos.
Muita gente imagina que o vinho branco à mesa, só vai acompanhando peixe! E antes de falar sobre isto, vale a pena lembrar que o vinho branco é melhor companheiro do que o tinto para um prato de queijos. Claro, você tem o direito de preferir um vinho tinto, não estou discutindo seus gostos, mas com um queijo de cabra (seco ou fresco) ou um camembert, não há comparação. O vinho branco é ideal para consumo junto com carnes brancas, peixes e até mesmo com o churrasco, junto com galeto ou salsichão. Pratos veganos, gratinados, massas ou risotos são muito mais fáceis de combinar com o vinho branco. Basta lembrar a regra da cor: é bastante pálido no prato? Tome um vinho branco!!!
Muitos menus gourmets começam em vinho branco e continuam em tinto. Em termos de sequência, isso está certo, e proporciona ir de entradas e primeiro prato mais leve para depois ir para um segundo prato mais consistente.
Curiosamente, no mundo todo estão bebendo menos vinhos em termos de quantidade. Por exemplo, os franceses consomem cada vez menos vinho, de 100 litros por habitante por ano em 1975 para 40 litros atualmente. No entanto, depois de ter sido gradualmente abandonado em favor do rosé, o vinho branco está fazendo um bom retorno. De forma geral, consome-se menos carne, menos pratos com molho, bebe-se mais aperitivos ao jantar, a quota do vinho branco nas vendas aumentou assim 4,5% em dez anos, em detrimento do tinto.
Este último continua na liderança, com pouco menos de uma em cada duas garrafas vendidas, enquanto o rosé se estabiliza em 30% das vendas e o branco chega a 21%. Uma proporção que deve aumentar ainda mais na próxima década, já que em termos de vinhos franceses, a Borgonha está se tornando cada vez mais branca (especialmente nos Mâconnais) e o Vale do Rhône planeja dobrar sua produção de vinhos brancos até 2030.
Muito se fala dos benefícios do vinho tinto para a nossa saúde, mas o vinho branco também tem seus benefícios, conforme alguns resultados de pesquisas nos Estados Unidos e Alemanha.
1 – Limita os danos causados por um ataque cardíaco - Um estudo realizado na Universidade de Connecticut revelou que beber um ou dois copos de vinho branco por dia reduz as sequelas que pode deixar uma parada cardíaca. O responsável por esse efeito protetor é o resveratrol, que também se encontra na polpa de uva branca e, por conseguinte, passa ao vinho. Além disso, foi analisado o vinho branco protege o coração contra os efeitos do envelhecimento.
2 – Previne as doenças pulmonares - Uma pesquisa realizada na Escola de Medicina de Buffalo, descobriu que o consumo moderado de vinho branco ao longo da vida, pode melhorar a saúde pulmonar e prevenir o aparecimento das doenças que afetam o sistema respiratório.
3 – Previne o desenvolvimento do câncer - Até há pouco tempo pensava-se que apenas o vinho tinto era capaz de prevenir o aparecimento do câncer, mas um estudo realizado recentemente na Universidade de Wisconsin descobriu que o vinho branco também protege nossas células e impede o avanço do câncer, principalmente do câncer de mama. Isso se deve à ação de seus compostos antioxidantes.
4 – Mantém as artérias limpas - Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Connecticut, comparou-se o efeito antioxidante do vinho tinto e o branco. Assim, verificou-se que o vinho branco também é eficaz para evitar a formação de placas de ateroma nas artérias e manter as doenças de origem vascular. Além disso, concluiu que o vinho branco, contém uma quantidade de antioxidantes, semelhante ao que é encontrado no óleo de oliva.
5 – Ajuda perder peso - É verdade que o vinho branco contêm algumas calorias, mas, ainda assim, podemos incluí-lo em uma dieta para emagrecer. De fato, um estudo realizado na Universidade de Hohenheim descobriu que as pessoas que queriam perder peso e bebiam vinho branco com moderação, atingindo seu peso ideal antes que aqueles que optavam por sucos de frutas naturais. Esses pesquisadores apontam que uma dieta em que 10% de calorias do vinho branco, o que permite uma perda de peso mais rápida.
6 – Protege o cérebro - Verificou-se que três taças de vinho branco por semana, têm um efeito protetor sobre o nosso cérebro. Um estudo feito descobriu que o ácido fenólico, que se encontra no vinho exerce uma ação positiva sobre as células cerebrais e nos protege de doenças neurodegenerativas, como a demência, especialmente após os 40 anos.
Com estes argumentos espero ter aberto sua cabeça a beber vinhos brancos! Saúde !! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações durante a prova dos vinhos e pesquisas).