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DOÑA CARMEN PEQUEÑOS PARCELEROS DE LA QUEBRADA – VIÑAS ELEGIDAS – CRIOLLA CHICA 2022 – JUJUY – ARGENTINA

Foto do escritor: Vinotícias - Marcio OliveiraVinotícias - Marcio Oliveira

A uva Criolla Chica é uma variedade de uva de origem espanhola que foi trazida para a América do Sul pelos colonizadores espanhóis no século XVI. Acredita-se que a variedade original seja a Listán Prieto, uma uva espanhola que era muito plantada nas Ilhas Canárias, que se caracteriza por um cacho longo e cônico. Os bagos são esféricos de cor preto-azulada, tem boa resistência a condições climáticas extremas, com capacidade de adaptação a uma grande variedade de solos.


Nas mãos de Matías Michelini e Daniel Mansur criaram um vinho que surpreendeu a quem o provou num almoço que tivemos em Purmamarca, na Quebrada de Humahuaca, em Jujuy. O vinhedo está plantado a 1.500 metros acima do nível do mar, na Vinícola El Bayeh. O solo é pedregoso.


Pequeños Parceleros é uma família de vinhos que conta a história das pessoas que vivem nas diferentes localidades da Quebrada de Humahuaca. Nasceu como uma homenagem ao terroir da Quebrada e procura ser a expressão de cada localidade geográfica. Da Finca Doña Carmen, as uvas Criolla Chica fermentam em ânforas de 500 litros com leveduras nativas (autóctones) e depois estagiam 18 meses em barricas de carvalho francês de 225 litros de diversos usos.


A linha “Viñas Elegidas”, surgiu em 2021 quando Matías e Daniel perceberam que das diferentes parcelas (75 no total) havia algumas que tinham apenas ou maioritariamente uvas Criolla Chica, e por isso decidiram vinificá-las separadamente, fazendo um vinho diferente.

Purmamarca tem um clima relativamente quente dentro da ravina, por isso as uvas amadurecem mais cedo do que em outras localidades, produzindo vinhos intensos na fruta. Aqui há agricultores que têm as suas vinhas em solos de ardósia, o que gera uma textura interessante na boca.


Por muitos anos, houve muita confusão a respeito das variedades de uvas plantadas nas Américas desde os tempos coloniais. Uvas tintas como País, Criolla ou Mission foram por muito tempo relegadas a segundo plano, até por conta de dúvidas se seriam um híbrido entre a Vitis Vinifera e a Vitis Labrusca. O resultado foi que milhares de hectares destas variedades, vistas como adequadas apenas para vinhos de baixa qualidade, foram extraídos. Em geral, foram substituídos por variedades europeias como Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot ou Carménère. Porém, nada como a ciência para colocar tudo no lugar certo.


Um estudo publicado em janeiro de 2007 no American Journal of Enology and Viticulture veio esclarecer a questão. Cientistas do Centro Nacional de Biotecnologia de Madri comprovaram que uvas como Mission, País e Criolla Chica são, na verdade, apenas nomes diferentes para uma variedade espanhola, a Listán Prieto. Esta variedade não é mais plantada na Espanha continental (possivelmente extinta por conta da filoxera), mas pode ser encontrada em pequena escala (cerca de 30 hectares) nas Ilhas Canárias. É importante não a confundir com uma outra variedade plantada nas ilhas (esta sim, em maior quantidade), chamada Listán Negro. 


Frades franciscanos e jesuítas introduziram a variedade no México e Peru, entre 1520 e 1540. O cultivo de videiras era muito associado ao sistema de missões promovido pela monarquia espanhola para cristianizar o Novo Mundo. Esta uva (e outras resultantes do cruzamento da Listán Prieto com a Moscatel de Alexandria) dominou por 300 anos a paisagem viticultural da América do Sul. Só perdeu esta posição quando as uvas francesas foram introduzidas no século XIX no Chile e na Argentina. 


Tem uma variedade de nomes, em função da sua presença em diversas partes do continente americano, além das Ilhas Canárias, onde ainda é conhecida como Listán Prieto. Dentre os nomes, segundo informações da Universidade da California, estão: Criolla Chica, California, Creole Petite, Criolla Chica, El Paso, Hariri, Listán Prieto, Misión, Mission’s Grape, Moscatel negro, Negra Corriente, País, Rosa del Perú, Uva del País, Uva negra vino, Uva País, Viña blanca e Viña negra.


A Criolla Chica é conhecida como Pais no Chile. A partir do cruzamento natural entre a Criolla Chica e a Moscatel de Alexandria, surgiu a casta Criolla Grande, que foi a uva mais plantada no Chile até meados dos anos 2000.


Composição de Uvas: 100% Criolla Chica, resultado de microvinificações, com cachos inteiros, com mínima extração e usando apenas leveduras nativas.


Notas de Degustação: Vinho cor rubi claro ligeiramente turvo, com nariz expressivo de frutos vermelhos (cerejas, morangos), pétalas de rosa secas e algo terroso, com taninos de finos, fresco e vivo no paladar. É um vinho sutil, complexo, com aromas que terra e notas de frutos vermelhos, criando na boca algo picante, seco, com uma textura muito agradável. Na minha opinião lembra um Pinot Noir bem leve e delicioso.


Estimativa de Guarda: Creio que aguenta 5 anos de guarda.


Notas de Harmonização: Por ser um vinho fresco e gastronômico, acompanhará bem carnes brancas, peixes, mariscos, camarão a moda provençal, risotos e arroz com frutos do mar e mesmo uma fraldinha malpassada.


Serviço: servir entre 14 e 15º C. (Beba numa taça com bom volume de copo para os aromas se exprimirem melhor).


Faixa de Preço – 32.000 pesos, o equivalente a R$ 160.

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O que é o VINOTÍCIAS...

O VINOTÍCIAS foi criado por Márcio Oliveira, com o intuito de disponibilizar em um único espaço dicas de vinho, enogastronomia, eventos, roteiros de viagens e promoções. Inicialmente era disponibilizado na forma de uma newsletter para alunos, ex-alunos e amantes do vinho, com o crescimento do mercado e o amadurecimento do projeto a necessidade de um espaço maior para tantas informações se fez necessário e assim surgiu o blog e o site.

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