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Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“DESAFIO ENTRE VINHOS DO VELHO E DO NOVO MUNDO – PARTE III”

Provas de vinhos do Velho e Novo Mundo ajudam a chamar a atenção para a rivalidade entre os aromas e sabores destas regiões.


Nesta semana o artigo revela a comparação entre GRANDES VINHOS do Velho Mundo e o do Novo Mundo, repetindo os célebres DESAFIOS que já ocorreram como o de Paris, o de Berlim e carinhosamente chamamos este de DESAFIO DE BH. Será que os degustadores gostaram mais dos vinhos do Velho ou do Novo Mundo?


O DESAFIO DE BH foi realizado numa degustação da CONFRARIA GRANDES TAÇAS, onde o grande princípio que norteia as provas é servir qualidade. Fizemos um afinamento para os confrades discutirem detalhes de como pontuar, o que buscar que diferenciasse cada vinho provado e perceberem em que nível começamos.


O vinho servido para afinamento foi o Chateau Siran 2016 que recebeu 96 pontos do crítico James Suckling, 90 pontos do Robert Parker, 94 pontos da Wine Enthusiast e 93 pontos da Decanter. Portanto, diferenças de pontuações para um mesmo vinho entre críticos de vinhos são normais.

 

Abaixo o resultado do DESAFIO DE BH



Achei melhor classificar os vinhos pela soma dos pontos. Olhem que nas somas dos pontos entre 1029 (para o Alter Ego) e 901 (para o Pagodes de Cos) o desvio foi de 1,5%.

A pontuação mostra que os grandes “ganhadores” são os vinhos do Novo Mundo, apesar do Alter Ego ter ficado em primeiro lugar (com 1,5% acima do segundo lugar).

 


Pela soma das pontuações os desvios ficaram entre 0,1 e 3,1%, o que é bem racional pela qualidade dos vinhos que foram degustados.

 

♦ LES PAGODES DE COS 2012 - O Chateau Cos D’Estournel é um dos produtores mais respeitados de Bordeaux. Está localizado em Saint-Estèphe, região importante de Bordeaux, na margem esquerda do rio Gironde, logo acima de Pauillac. A história do Chateau data do início do século XIX, seu fundador, Louis-Gaspard, era proprietário de diversos vinhedos e soube reconhecer a magia da terra de Cos e fundou o Castelo que leva seu nome. Ele foi apelidado de “Marajá de Saint-Estèphe” e passou a se dedicar a este pequeno pedaço de terra que viria a ser um dos mais importantes vinhedos do mundo. O vinho principal da casa, o Chateau Cos D´Estournel, é classificado como Deuxième Cru Classe, classificação mais alta na região.


A propriedade é uma das mais suntuosas e belas de toda Bordeaux, em sua fachada, que ostenta o nome Cos d’Estournel, há um leão e um unicórnio. Em seguida, diante do edifício inspirado nas construções persas, um jardim com espelho d’água, palmeiras e estátuas de elefantes indianos. A porta esculpida veio diretamente de Zanzibar, um arquipélago na costa leste da África. O Cos D´Estournel foi um dos primeiros Bordeaux a ser exportado para diversas regiões do mundo.


O Les Pagodes de Cos é o segundo vinho do famoso Chateau Cos D’Estournel. É bastante comum os melhores produtores de Bordeaux terem os primeiros e os segundos vinhos. As uvas são provenientes do mesmo terroir e tratadas da mesma forma, a única diferença é a idade das videiras.


As videiras mais antigas são usadas no primeiro vinho e as videiras mais jovens são usadas no Les Pagodes de Cos. No futuro estas mesmas videiras serão usadas no Chateau Cos D´Estournel. Esta diferença na idade das videiras faz com que o Les Pagodes de Cos fique pronto para beber mais cedo do que o Cos D´Estournel.


Descrição:  O Blend do vinho nesta safra é predominante de Cabernet Sauvignon e Merlot, com uma boa quantidade de Merlot comparado aos outros vinhos da margem esquerda de Bordeaux, característica que ajuda na elegância do vinho. Já o seu solo se assemelha mais ao de Pauillac do que de Saint-Estèphe, principalmente devido a ter mais cascalho e menos areia, fazendo com que o Pagodes de Cos tenha personalidade mais imponente de que seus pares em Saint- Estèphe. Esta combinação de fatores levam os especialistas a dizerem que o Pagodes de Cos tem uma “Elegância masculina”, ou seja, é imponente com elegância. Sua profundidade de cor e de aromas encanta, com especiarias e muito vigor. Os taninos são presentes, mas perfeitamente harmoniosos graças a elegância da Merlot. Castas: 60% Cabernet Sauvignon, 40% Merlot. Evolução: Passagem de 12 meses em barricas de carvalho francês. Grad. Alcoólica: 13,5% - Consumo ideal: Até 2033. Gastronomia: Cordeiro na brasa com feijões brancos, carne assada na cerveja belga com cebola.

Prêmios: Wine Enthusiast - 92 Pontos

 

♦ EPU 2018 - Assinado por Michel Friou, enólogo de Almaviva, Epu é um verdadeiro Second Vin no Valle del Maipo. Epu significa segundo, em Mapuche, língua dos antigos povos que habitavam os Andes.


O Epu é elaborado conforme o mesmo conceito dos segundos vinhos dos renomados chateaux franceses, tendo suas uvas provenientes do mesmo vinhedo do Almaviva. Trata-se de um exemplar de raro refinamento, extremamente exclusivo devido a sua produção limitada. Tinto rico em aromas, apresenta notas de frutas como groselha negra, cereja e amora, sobre toques de chocolate amargo, tabaco, anis e caramelo, além de traços minerais. Em boca é encantador, sedoso, fresco, com corpo entre médio e encorpado, mostrando uma deliciosa integração entre os aromas frutados e os provenientes do carvalho, com longo final. Intenso e pronto.

Prêmios: 94 ADEGA – 95 DESCORCHADOS – 95 JAMES SUCKLING

 

♦ MARGAUX DU CHATEAU MARGAUX 2015 - O Vinho Margaux du Château Margaux, foi desenvolvido na França, com uma criteriosa seleção das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, que após serem cuidadosamente selecionadas, foram levadas para passar por processos de produção como, vinificação, fermentação e fermentação malolática completa, maceração, e logo após, permaneceu amadurecendo por 22 meses em barricas de carvalho francês.


Este vinho começou a ser feito em 2009, fruto principalmente do aumento do critério do produtor para seleção do segundo vinho, sendo então possível fazer um vinho de qualidade com a terceira seleção das barricas vinificadas. Este vinho tem a menor produção entre todos do produtor, sendo vendido para poucos mercados no mundo: França, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e Brasil.  A safra 2015 tem a mesma condição de qualidade como os vinhos de 2005, 2009 e 2010 que foram excelentes.


De coloração vermelho rubi profunda e intensa, ao nariz, entrega aroma de ameixa, figo em compota, groselha madura, anis-estrelado, herbáceo, pimenta-do-reino, chá. Na boca, é um vinho complexo, encorpado, boa acidez, taninos macios, final longo.

Prêmios: 89 Wine Searcher

 

♦ LE PETIT CLOS 2016 - As Uvas na Petit Clos foram colhidas manualmente em pequenas caixas de 12 quilos. As uvas são desengaçadas manualmente na Vinícola Clos Apalta (Valle De Apalta, Colchagua), para que possa manter o controle total da qualidade. Após o desengace são colocadas em tonéis de carvalho francês de fermentação por gravidade, utilizando leveduras nativas para fermentar o suco de uva em vinho, com controle de temperatura de 28ºC. Corte com as castas: 95% Cabernet Sauvignon, 4% merlot e 1% Carménère. Maturado 18 meses em 33% barricas novas de carvalho francês por gravidade, 33% em barricas de 1 ano de uso e 34% em cubas de carvalho francês de 7500 Litros.


Vermelho rubi intenso e profundo com bordas roxas e cereja. Complexo e expressivo. Muito intenso com aromas de fruta preta como baga de maqui, cassis e groselha. Aromas de frutas vermelhas como cereja e morango com notas de ervas frescas e um toque de baunilha. Especiarias e notas de cedro. Grande estrutura e bom volume, equilíbrio com uma acidez notável. Guarda de 10 anos. Harmonização com Carnes de caça, cordeiro e pratos de alta gastronomia.

Prêmios: 93 RP, 95 JAMES SUCKLING, 94 WINE SPECTATOR

 

♦ LE SERRE NUOVE 2017 – Criado com a mesma paixão e atenção aos detalhes reservados a Ornellaia, Le Serre Nuove dell’Ornellaia é um verdadeiro Second Vin. Blend bordalês, que combina prazer e complexidade com ótimo potencial de guarda.


O Vinho La Serre Nuove Dell Ornellaia Bolgheri é um tinto que combina prazer imediato e complexidade olfativa com um comprovado potencial de envelhecimento. Na taça, libertam-se aromas de frutos silvestres, acompanhados por notas florais de rosa selvagem e notas picantes de pimenta rosa e alcaçuz. Harmonize com Carnes vermelhas grelhadas e assadas, churrasco, cordeiro, pratos com cogumelos, massas com ragu de carne, embutidos e queijos duros.


Corte de uvas: 54% Merlot, 26% Cabernet Sauvignon, 14% Cabernet Franc, 6% Petit Verdot. Tempo em barrica: 15 meses em barricas, sendo 25% novas. Por 12 meses cada varietal ficou em sua própria barrica, e ao final o blend foi feito – retornando para mais 3 meses em barricas. Potencial de guarda: até 25 anos.

Prêmios: 93 RP, 93 JAMES SUCKLING

 

♦ BRAMARE COBOS MALBEC CHANARES ESTATE 2015 - Viña Cobos é a visão de um sonhador que um dia resolveu fazer um grande vinho na Argentina, um tinto que estivesse no nível dos mais reconhecidos no mundo e como Paul Hobbs faz vinhos sublime e de excelente qualidade, foi parceiro neste sonho e projeto. Paul foi para a Argentina em 1989 e ficou imediatamente intrigado com o terroir e a tradição cultural do país, onde encontrou um potencial único para Malbec e outras variedades. A Viña Cobos, leva esse nome referindo-se a Cobos Street, que é uma vinha muito especial. A vinha Marchiori Cobos e Bramare foram os primeiros vinhos da nova adega, originado em parcelas especiais dentro do vinhedo de Marchiori. Duas etiquetas desde o início mostraram que uma alta qualidade poderia ser alcançada nos vinhos argentinos, e o engajamento dos enólogos com um rigoroso controle desde a vinha até a preparação. Desde então, os vinhos de Viña Cobos foram reconhecidos por prestigiados meios de comunicação internacionais. Atualmente a vinícola expandiu seu portfólio com rótulos que são o resultado de um trabalho longo e paciente em explorar terroirs e parcelas de Luján de Cuyo e Valle de Uco em Mendoza específicos.


O Cobos Bramare Chanares Malbec 2015 é produzido com uvas Malbec cultivadas em vinhedos selecionados na região de Luján de Cuyo. Este vinho é ideal para acompanhar pratos elaborados com carnes vermelhas grelhadas ou assadas, bem como massas com molhos intensos.


Apresenta uma cor vermelho rubi bem definida com tons violáceos intensos. Um vinho de elevada complexidade aromática, onde se misturam ervas frescas do campo, como tomilho e alecrim, camomila, violetas, frutos vermelhos maduros, cassis, com algumas notas sutis de baunilha. Na boca destaca-se por ser um vinho delicado com excelente estrutura com taninos aveludados que continuam a evoluir.  Maturação por 17 meses em barril de carvalho.

Prêmios: 93 Wine Searcher

 

♦ ROCAS DE SEÑA 2020 – Localizado no Vale do Aconcágua, ao norte de Santiago, Chile, Seña é um dos grands crus icônicos da América do Sul. Este excepcional vinho é fruto da colaboração, desde 1995, entre Eduardo Chadwick, um dos mais emblemáticos embaixadores dos vinhos chilenos, e o americano Robert Mondavi, reconhecido como um dos maiores pioneiros dos vinhos do Novo Mundo. Agora produzido exclusivamente pela família Chadwick, Seña oferece uma expressão refinada, elegante e equilibrada dos melhores terroirs chilenos.


Rocas de Seña é composto por uma mistura de vinhas jovens do vinhedo Seña com variedades mediterrâneas (Syrah e Grenache) de outra propriedade da família Chadwick desde 1999. Este vinho leva o nome dos solos rochosos, característicos do Vale do Aconcágua.


Apresenta cor rubi intensa com reflexos púrpura. No nariz é expressivo, com destaque a notas de café, frutas vermelhas e pretas maduras, como amoras, cerejas e mirtilos, especiarias, além de toques defumados e mentolados. No paladar é vibrante e encorpado, com taninos firmes e boa acidez. Elegante, exibe frescor aliado a um final longo e suculento. Corte de uvas:38% Malbec, 25% Syrah, 15% Cabernet Sauvignon, 14% Grenache, 8% Petit Verdot. Passagem de 22 meses em barricas de carvalho francês (65% Novas). Consumo ideal: Até 2039. Gastronomia: Carnes vermelhas assadas, carnes de caça, cordeiro assado, massas com ragu de carne e queijos duros.

Premiação: 96 James Suckling, 93 Robert Parker, 93 Vinous

 

♦ ALTER EGO DE CHATEAU PALMER 2017 – Charles Palmer era um dos generais sob o comando do duque de Wellington. Além das conquistas militares, ele também colecionou algumas conquistas amorosas. Tanto que, em sua passagem pela região de Bordeaux em 1814, conheceu Marie Brunet de Ferrière, viúva de Blaise Jean Charles Alexandre de Gascq, então dona do Château de Gascq, e adquiriu a propriedade, que assim ganhou seu nome. Entre idas e vindas na história, acabou em 1938, nas mãos de um consórcio de famílias ligadas ao vinho.


O Château Palmer e o Alter Ego (antes conhecido como Resérve de General) costumam manter proporções semelhantes de Merlot e Cabernet no blend (o que é raro no Médoc). Alter Ego tende a ter um pouco mais de Merlot e estar pronto mais cedo para ser desfrutado. O Alter Ego nasceu em 1998 com a aquisição de 8 hectares de vinhedos em Margaux, que se tornaram a alma de Alter Ego.


Localizada no distrito de Haut-Médoc, Margaux é uma das apelações vinícolas mais prestigiadas do mundo. Nesta região está a propriedade Château Palmer, que foi categorizado como um Troisieme Cru na Classificação de Vinhos de Bordeaux de 1855, criada a pedido de Napoleão III. Mais de 160 anos após a qualificação, esse Terroir segue dando vida a rótulos de qualidade admirável, como o Alter Ego. Fruto da desafiadora safra de 2017, que enfrentou geadas intensas, este exemplar surpreende com goles frutados.


Rubi com reflexos violáceos. Aromas de frutas pretas maduras, como cerejas pretas, amoras e cassis, notas de violetas, defumados, tostados e de especiarias, como pimenta preta e alcaçuz, além de toques de café, chocolate, tabaco, grafite e couro. De médio corpo, com taninos aveludados e acidez equilibrada. Seu final de boca é marcado por frutas pretas maduras, notas defumadas, e toques de chocolate. Harmonize com carnes vermelhas grelhadas e assadas, carnes de caça, preparações a base de cordeiro, além de embutidos curados e queijos maduro. Corte de uvas: 53% Merlot, 41% Cabernet Sauvignon e 6% Petit Verdot. Amadurecimento por 16 a 18 meses em barricas de carvalho (40% novas). A idade média das vinhas é de 30 anos e o cultivo obedece aos preceitos da biodinâmica.

Premiação: 94 James Suckling, 92 Robert Parker, 91 Decanter e 92 Wine Enthusiast, 93 Jancis Robinson (17/20).


O artigo é um convite a provar os aromas e sabores dos Grandes Vinhos, e que os dos do Novo Mundo podem surpreender, como em Paris e Berlim. Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao Concerto e Feira de Vinhos).

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