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“CURIOSIDADES SOBRE OS VINHOS DO PIEMONTE – PARTE I”

Foto do escritor: Marcio Oliveira - VinoticiasMarcio Oliveira - Vinoticias

Neste artigo o tema será a região italiana do Piemonte, sua história, cultura e vinhos.

Das alturas dos Alpes majestosos às planícies do Vale do Rio Pó, o Piemonte é um cenário de extrema riqueza de belos contrastes. Localizada no noroeste da Itália, as paisagens variadas da região - colinas, vales, hortas, pomares e vinhedos reconhecidos e premiados, produzem algumas das melhores comidas e vinhos da Itália, enquanto o interior deslumbrante, pontilhado de castelos elegantes e vilas charmosas, está entre os melhores lugares para turismo na Europa.


O Piemonte, como toda região italiana, é uma terra onde podemos encontrar uma vasta riqueza desenvolvida entre arte e cultura, natureza e arquitetura, gastronomia e enologia. Uma região com traços autênticos e elegantes, às vezes antigos e austeros, que com suas belezas não deixa espaço para decepções e certamente não faltam lugares para descobrir e vivenciar. Encontramos grandes cidades, vilas sugestivas, paisagens sem limites entre colinas e montanhas, excelente comida e vinho e uma tradição mantida com orgulho e amor. Uma combinação perfeita de tudo o que pode transformar umas férias simples em uma viagem inesquecível.


No entanto, a rica história e cultura do Piemonte é subestimada, e está na hora de revelar algumas curiosidades. Por exemplo, você já deve ter ouvido falar ou lido sobre o Palio de Siena na Toscana, mas encontrará um aqui, chamado de corrida de cavalos do Palio de Asti.

Diz a lenda que a tradição desta corrida começou com a derrota dos rivais da cidade de Asti, Alba, e uma corrida ao redor das muralhas da cidade. Alba, no típico estilo de retaliação, criou uma corrida de burros, que é uma comédia física no seu melhor!


Arroz... e Kiwi além dos vinhos? – O Piemonte é rico em arrozais. Aliás, a Itália é, de fato, o maior produtor de arroz da Europa. A produção de arroz na Itália começou em meados do século XV, quando da chegada à Itália dos espanhóis e seus conquistadores mouros.


Uma especialidade piemontesa é o “risoto al Barolo”, com os grãos de arroz inchados e tingidos de um tom vermelho profundo, com sabores ousados ​​e concentrados em cada mordida.


Outra curiosidade é que Piemonte também é um dos maiores produtores de kiwi da Itália. Em termos mundiais, a Itália está em segundo lugar, atrás da China, na produção global de kiwi.


A história do Piemonte é fabulosa, dos romanos à resistência durante a Segunda Grande Guerra. Na pré-história, Piemonte era habitado por tribos celtas-ligurianas, até que os romanos se instalaram por volta de 220 a.C. Com a “queda do Império Romano”, em 476 d.C., o poder de Roma desapareceu, assim sendo, borgonheses, ostrogodos, romanos orientais, lombardos e francos se revezaram no governo até o ano 773. Nos séculos VIII e IX, magiares e mouros ganharam seu lugar nos anais da história piemontesa, que preparou o cenário para a poderosa Casa de Saboia anexar a região ao seu território em 1046.


A unificação italiana em 1859 reconheceu a Casa de Saboia como os Reis da Itália, até mesmo nomeando a cidade de Turim como sua capital por um curto período (até Florença e Roma assumirem a função de Capital da Itália).


Durante a Segunda Guerra Mundial, após o armistício de 8 de setembro de 1943, a Resistência Italiana ganhou vida. Com um número perigoso de tropas alemãs ainda ocupando o norte da Itália, partidários antifascistas e antinazistas na região ajudaram os judeus, cuidaram dos combatentes da Resistência e transmitiram mensagens importantes. Enquanto a maioria dos homens estava lutando na frente, foram as mulheres que entraram em cena. Sabe-se que dos 185.000 combatentes da resistência italiana, cerca de 35.000 mulheres arriscaram suas vidas pelo movimento de resistência, especialmente como “staffette”, mensageiras de bicicleta, que eram geralmente ignoradas, e subestimadas pelos fascistas, que não hesitavam em discutir política ou planos na frente dessas mulheres aparentemente "desinteressadas" ou "frívolas", ouvindo ansiosamente tudo que pudesse ser transmitido para os combatentes da resistência.


Uma das características definidoras da região, Piemonte é cercado pelos Alpes e, em outro lado, pelos Montes Apeninos, dividindo-a da vizinha região da Ligúria. O próprio nome da região vem do latim medieval pedemontium ou ‘ad pedem montium’ e da frase italiana relacionada “I piedi del monte”, que significa, simplesmente, “ao pé das montanhas”. O Piemonte é um vale cercado pelos Alpes, com paisagens de lindas florestas, com vários castelos, vilas medievais e cidades para explorar. É a segunda maior região da Itália, com uma enorme variedade de picos, vales e planícies férteis, que se estendem até as margens azuis do Lago Maggiore.


Com suas colinas cultivadas com vinhedos preciosos, ou pelos bosques de avelãs e florestas, no outono a região se cobre de tons dourados, vermelhos e alaranjados, criando um paraíso gourmet, lar de um número impressionante de restaurantes com estrelas Michelin ou ligados ao movimento Slow Food.


A culinária regional do Piemonte surpreende pela sua variedade e riqueza: vai da culinária da montanha, com o fondue, ao agnolotti, uma variação do clássico ravioli da Ligúria. Um dos principais ingredientes da culinária tradicional do Piemonte efetivamente vem da Ligúria: as anchovas. A antiga profissão de vendedores de anchovas era muito comum nos vales das montanhas entre o Piemonte e a Ligúria. Durante os meses de inverno, quando os agricultores tinham que abandonar a terra, eles saíam de casa e iam para o mar para comprar anchovas em sal; eles as vendiam na cidade, e esses ingredientes preciosos lentamente se tornaram parte da culinária típica. Bagna cauda, ​​pimentões assados ​​com alho e anchovas, e mil outras preparações deliciam os amantes da comida que se sentam à mesa para um almoço típico do Piemonte.


Um dos tesouros culinários locais é a famosa trufa branca de Alba, que comanda os preços mais altos no mercado mundial de trufas.


Além da trufa, outra curiosidade local é a laranja que tem na região um festival peculiar e exclusivo: o Carnevale D’Ivrea. Realizado em fevereiro na cidade de Ivrea, esta é a maior guerra de comida da Itália, onde a arma escolhida é a laranja cuidadosamente empunhada e arremessada contra seus rivais. Milhares de moradores da cidade e visitantes curiosos são divididos em nove equipes de combate; alguns em carroças puxadas por cavalos e outros "civis" nas ruas, com uma batalha que ocorre ao longo de três dias encharcados de frutas cítricas (ironicamente, as laranjas - cerca de 250 toneladas delas - são importadas da Sicília, pois o Piemonte não as produz). Originalmente, feijões eram usados ​​na luta, depois maçãs. A partir do século XIX, a laranja foi escolhida como o projétil oficial do carnaval, que termina em uma fogueira barulhenta e alegre.

 

O PIEMONTE E SEUS VINHOS - O vinho dos reis, o rei dos vinhos: muitos lugares na Itália afirmam ter o melhor, mas é aqui no Piemonte que algumas das safras mais estimadas no país são cultivadas.

Barbera, Barbaresco e Barolo são talvez os vinhos mais representativos. Mas eles não são os únicos: Nebbiolo, Grignolino, Arneis, Cortese, em outras palavras, há uma riqueza inestimável distribuída ao longo das fileiras de videiras que decoram o horizonte montanhoso de uma terra apaixonada pelo vinho.


Se a palavra Barolo é suficiente para aquecer o coração de todo amante de vinho, Barbera é frequentemente subestimado ou menos considerado. Mas você só precisa saborear uma taça de Barbera para entender seu valor: um pedaço da história do vinho italiano, uma qualidade que não teme comparação. O Barbera era tão conhecido e apreciado que até poemas foram dedicados a ele: Sandro Petiti, do Piemonte, escreveu um poema sobre Barbera que dizia: “Se os grandes campeões do mundo se reunissem em volta de uma mesa, não haveria nada melhor contra a guerra do que uma grande “bagna cauda” com litros de bom Barbera que acalma os nervos da testa. Essas são as únicas duas coisas que podem consertar a paz, o amor e as contas”. Nada mal para um vinho tinto popular como o Barbera!


O papel do Piemonte no desenvolvimento da moderna enologia italiana é, e tem sido, fundamental, já que foi nesta região que a extraordinária revolução que levou a Itália de volta ao topo da produção de alta qualidade começou. Nomes como Barolo, Barbaresco, Nebbiolo e Barbera são apenas alguns exemplos de vinhos e uvas que evocam em todos os amantes de vinho os sentimentos de alta qualidade. No entanto, a herança do Piemonte também é rica em vinhos agradáveis ​​e aromáticos de uvas brancas.


O Piemonte, do ponto de vista enológico, se comparado com as outras regiões da Itália, representa uma espécie de exceção, porque aqui os vinhos são na sua maioria varietais, e os vinhos de corte são pouco. A viticultura do Piemonte é frequentemente baseada no conceito de terroir e cru, em que um determinado vinho é produzido exclusivamente com uvas de diferentes vinhedos, cujo nome também é utilizado para a definição do próprio vinho em seu rótulo.


Um dos exemplos são o Barolo e Barbaresco, que refletem fielmente esse conceito de produção. Nomes como Bussia, Lazzarito, Cerequio, Rocche e Brunate são alguns exemplos de crus de Barolo, assim como Rabajà, Asili e Montestefano para Barbaresco. As áreas de Barolo e Barbaresco também oferecem exemplos para o conceito de terroir usado no Piemonte. Nestas duas áreas, localidades foram identificados com características peculiares e que conferem aos vinhos a sua personalidade. Locais como La Morra, Barolo, Serralunga d’Alba, Monforte d’Alba e Castiglione Falletto são as áreas “escolhidas” de Barolo, enquanto Barbaresco, Treiso e Neive são para o vinho Barbaresco.


Na semana que vem continuaremos a escrever sobre o Piemonte e seus vinhos, detalhando o Barbera, Barbaresco e Barolo. Então, gostou de conhecer um pouco mais sobre esta região italiana? Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não do artigo!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).

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