A Quinta do Vale Meão tem uma longa história de produção de vinhos de qualidade, tendo sido nela onde nasceu o Barca Velha.
A Quinta do Vale Meão juntamente com a Quinta da Leda, deram corpo ao sonho nos anos 1940 de Fernando Nicolau de Almeida, produzir um grande vinho tinto português, lançado em 1952 - o Barca Velha, que incorporou uvas destas duas quintas, até que em 1998, Francisco Olazabal, trineto da Ferreirinha, decidiu romper com a tradição, decidindo não mais fornecer uvas à Sogrape.
Em 1999 ele lançou seu próprio vinho, depois de um processo que demorou 20 anos, para ficar como acionista individual da Quinta, mas que, segundo ele, transcorreu sem qualquer atrito com os antigos detentores das ações, em sua grande maioria, primos seus.
Desde a primeira edição o vinho Quinta do Vale Meão teve os melhores elogios da crítica especializada, constituindo-se num dos rótulos mais desejados por qualquer enófilo.
Com mais de 67 hectares de vinha em produção, plantados em solos de diferentes naturezas geológicas: xistosos, graníticos e de aluvião, encontra-se ali uma diversidade pouco comum na região do Douro que contribui para a complexidade dos vinhos produzidos a partir das vinhas.
O Meão foi a única quinta que a Ferreirinha construiu do zero, em um terreno onde antes só havia mato e animais selvagens, uma área ainda pouco explorada do Douro Superior. A razão era a distância que separava a região das cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia, bem como a dificuldade em se chegar até lá. Os 300 hectares que deram origem à quinta (hoje são 262) foram comprados entre 1877 e 1879, em sucessivos leilões promovidos pela câmara do município de Vila Nova de Foz Côa.
Ao criar o Quinta do Vale Meão, uma das preocupações de Olazabal era fugir de comparações com o Barca Velha, que é um estilo de vinho com um processo técnico de produção muito peculiar e um marco de referência da Casa Ferreirinha e da própria história do vinho em Portugal.
A ideia era criar um vinho de muito boa qualidade, feito com maestria, que se mantivesse ano após ano como um grande vinho. Outro sucesso do vinho foi o reconhecimento por parte da imprensa internacional que lhes permitiu uma grande e rápida projeção.
No cenário mundial, os vinhos portugueses eram pouco conhecidos no estrangeiro, e as críticas positivas por parte de revistas internacionais de renome e por conhecedores vieram trazer uma posição interessante, principalmente aos vinhos da casa: Quinta de Vale Meão, o Meandro e o Vinho do Porto Vintage, que têm todos, mais procura que oferta.
Em 2003, a Quinta Vale Meão juntamente com mais 4 empresas (Quinta do Crasto, Niepoort, Quinta do Vale Dona Maria e Quinta do Vallado) juntaram-se com o objetivo de promover ainda mais o vinho de mesa do Douro. Mais conhecidos como os “Douro Boys”, passaram a trabalhar juntos a comunicação e organização de eventos sobretudo no estrangeiro. Tudo o que esses cinco companheiros fazem, pensam e sonham, concentra-se em valorizar esse vale extraordinariamente único do rio Douro e acima de tudo nos vinhos que vêm de lá. Trazem sempre a paisagem magnífica do Douro (que muitos consideram a região vinícola mais mágica do mundo!) na garrafa, sem compromisso ou artifício, criando vinhos que mostram grande profundidade e caráter, transmitindo simultaneamente uma sensação de alegria ágil e elegância.
Para celebrar os 15 anos do surgimento do grupo Douro Boys, formado por João Ferreira Álvares Ribeiro Quinta do Vallado), Jorge Roquette (Quinta do Crasto), Dirk van der Niepoort (Niepoort), Cristiano Van Zeller (Quinta do Vale Dona Maria) e Vito Olazabal Quinta do Vale Meão), cada um deles “sacrificou” a sua melhor barrica de vinho tinto e a sua melhor pipa de Porto Vintage do excepcional ano de 2017 para criar uma cuvée especial que foi leiloada em lotes no dia 10 de outubro do ano passado.
Antigos lagares, tradicionais no Porto, foram recuperados e hoje convivem em harmonia com tanques de inox e barricas na Quinta, e os vinhos Vale Meão e seu irmão mais moço, Meandro, são uma feliz combinação de tradição e modernidade que cada vez é mais reconhecida. O Quinta do Vale Meão em 2014 foi eleito o 4º melhor vinho pela Wine Spectator (safra 2011).
De forma geral, o Quinta do Vale Meão, que foi considerado o melhor vinho de mesa de Portugal da safra 2016, apresenta toques vegetais no nariz, aromas de árvores e de arbustos, completa-se, com cogumelos, terra revolvida, algo mineral (afinal os terrenos são xistosos e graníticos). Um toque de menta e balsâmico cumprem a função de refrescar, de alegrar um vinho com um conjunto aromático que revela nobreza e grande dose de complexidade. Os sabores revelam especiaria, ervas aromáticas, como hortelã, tomilho, alecrim, orégano e pimenta, fruta negra madura. Fino, com a acidez correta. Um vinho que evolui muito bem e que tem tudo para chamarmos de “BARCA NOVA” !!! Saúde !!!
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