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  • Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“BARBE-NICOLE PONSARDIN”

Com lançamento marcado para 1º de agosto, o filme que conta a história da Madame Clicquot já mostra que será um sucesso. 

Protagonizado por Haley Bennett e dirigido por Thomas Napper, o filme “A Viúva Clicquot” apresenta a história de Barbe-Nicole Ponsardin – uma viúva de 27 anos que depois da morte prematura do marido – desrespeita as convenções legais e assume os negócios de vinho que mantinham juntos. Sem apoio, ela passa a conduzir a empresa e a tomar decisões políticas e financeiras desafiando todos os críticos da época ao mesmo tempo em que revolucionava a indústria do vinho de Champagne ao se tornar uma das primeiras empresárias do ramo no mundo. Hoje, a marca Veuve Clicquot é uma das mais reconhecidas e premiadas do setor e sua ousadia já a sustenta por 250 anos de história.


A sinopse é pouco para contar a vida de Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin, que nasceu em Reims a 16 de dezembro de 1777 numa família abastada. Filha do Barão Nicolas Ponsardin, um importante empresário têxtil e político de Reims, e de Jeanne Josephe Marie-Clémentine Letertre Huart, ela teve uma educação tradicional para a época. O seu pai era um homem influente que, apesar de ser monarquista, acabou por mudar de lado e apoiar a revolução francesa para proteger a sua família dos tumultos populares.


Em 1798 Barbe-Nicole Ponsardin, com apenas 21 anos, casou-se com François Clicquot, filho único de Philippe Clicquot-Muiron, o fundador da Casa Clicquot-Muiron, que tinha negócios na banca, comércio têxtil e comércio de vinho. O casamento foi uma espécie de casamento arranjado para consolidar as fortunas dos dois grandes empresários de Reims.


Apesar do vinho representar apenas uma pequena parte do negócio da família Clicquot, François queria expandir o negócio ao contrário do seu pai que, devido às guerras napoleónicas, achava que o investimento era um risco. Até aqui o negócio do vinho residia na sua distribuição. Philippe comprava o vinho aos produtores locais e exportava-o junto com os seus produtos têxteis, mas apenas como negócio secundário. François queria ser produtor e mudar o foco para vinho espumante que era uma bebida que se tinha tornado popular durante o reinado de Luís XV.


François persistiu na ideia e, junto com a sua jovem mulher embrenhou-se no mundo vitivinícola para adquirir todo o conhecimento que não possuía. Entretanto, em 1805, François Clicquot faleceu prematuramente depois de ter adoecido com uma febre, provavelmente febre tifoide.


Viúva com apenas 27 anos, e com uma filha de 3 anos, Barbe-Nicole investiu a sua herança e pediu apoio ao seu sogro para que, este também investisse no negócio do vinho, contrariamente ao que este pretendia. Philippe acedeu com a condição de que, Barbe-Nicole fosse aprendiz do famoso enólogo Alexandre Fourneaux que também investiria no negócio. E foi assim que, numa altura em que as mulheres assumiam um papel secundário na sociedade, a viúva Clicquot, como ficou conhecida, se tornou numa das primeiras mulheres empresárias do mundo moderno.


Tinha tudo para dar errado. E deu, ao menos nos primeiros 14 anos em que a viúva Clicquot, se meteu a fazer vinho na região de Champagne, na França. Concluído o estágio e passados quatro anos o negócio estava quase falido. As guerras napoleónicas e os bloqueios navais prejudicaram o negócio e foi necessária uma segunda injeção de capital dada pelo seu sogro. E, eis que estando no final das guerras napoleónicas, Barbe-Nicole faz aquela que seria a sua jogada de mestre ao apostar no mercado russo. Nesta altura os russos eram os grandes entusiastas do champagne e, Barbe-Nicole pensou que, se conseguisse ter sucesso neste mercado então a sua empresa também conseguiria ter sucesso. E acertou precisamente na mosca!


Em 1810 havia criado o primeiro champanhe vintage, isto é, um champagne de uma única colheita. Então, uma formidável combinação de persistência com inteligência, clima e terroir adequado tornou uma jovem inexperiente à frente de um negócio falido, numa empreendedora de sucesso.


Na sua adega, Barbe-Nicole guardava a colheita de 1811, que se iria tornar célebre. A passagem de um cometa pela região de Champagne foi vista como um bom presságio para a colheita de e excepcional qualidade. O boato que a safra era excelente viralizou e tornou-se uma ação de vendas para a maison, que apelidou a sua produção como ”le vin de la comète”. Então, as rolhas daquele ano foram marcadas com uma estrela junto com as iniciais VCP. A identificação funcionou e a empresa aprimorou a comunicação visual.


Na altura o champagne era extremamente doce tinha com cerca de 300 gramas de açúcar por litro o que representa aproximadamente o dobro de um atual vinho de colheita tardia. Barbe- Nicole achou que esta bebida faria as delícias dos russos. Dado que os bloqueios navais eram um problema, Barbe-Nicole contrabandeou o seu melhor champagne para Amsterdam, onde ficou aguardando a declaração do fim da guerra. Quando isto aconteceu, as suas 10.550 garrafas de champagne seguiram para São Petersburgo onde foram um sucesso triunfante.


Vários autores russos como Pushkin, Chekhov e Gogol elogiaram o champagne e o czar Alexandre I teia dito que este seria o único champagne que beberia. A sua fama rapidamente se espalhou por entre a corte e os mais abastados e, de um momento para o outro, Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin ou, Madame Clicquot, ganhou fama.


A procura pelo champagne Clicquot foi tal que a viúva Clicquot receou não conseguir fornecer todos os pedidos. Nessa altura, a produção de champagne era um processo muito demorado e dispendioso, já que a sua produção se distingue de um vinho convencional por ter duas fermentações. A segunda fermentação ocorre em garrafa depois de serem adicionados açúcar e leveduras ativas que vão despertar essa segunda fermentação. Ao consumir os açúcares as leveduras libertam o gás carbônico responsável por criar as borbulhas que tornam o champagne numa bebida sedutora. Após a segunda fermentação as leveduras morrem num processo chamado de autólise ficando dentro da garrafa, criando uma turbidez na bebida.


A grande sacada de Madame Clicquot foi desenvolver uma técnica mais eficiente e que não interferisse na qualidade do seu vinho. Em vez de transferir o vinho para outra garrafa, como faziam os fabricantes naquele momento, para se livrarem dos sedimentos e leveduras mortas - que além de ser um processo demorado, era comum danificar as bolhas comprometendo a qualidade do champagne.


Foi então que Barbe-Nicole fez buracos em ângulo na mesa de sua cozinha e encaixou as garrafas de cabeça par baixo, em um angulo em 45 graus. Todos os dias, durante seis a oito semanas, as garrafas foram giradas em um quarto de volta (método chamado de rémuage). Os sedimentos e borras gradualmente se acomodaram no gargalo da garrafa. Quando o depósito acontecia, era realizado o “dégorgement a la volée”, que consistia em retirar simultaneamente a tampa e o depósito em um único movimento manual. Com essa técnica, o champanhe ficou cristalino.


Depois, foi criado um cavalete especial onde as garrafas instaladas iam sendo giradas para facilitar a concentração dos sedimentos no gargalo da garrafa. Ainda hoje, este método, chamado de rémuage e dégorgement, inventado em 1816 é utilizado.


O processo de rémuage revolucionou o método de produção do champagne, e graças a lealdade dos seus funcionários, foram precisas décadas para que os concorrentes de Madame Clicquot descobrissem o método que ela utilizava para que seus vinhos ficassem cristalino, sem sedimentos ou turbidez.


Em 1818 Madame Clicquot criou o primeiro champagne rosé d'assemblage misturando alguns de seus vinhos tintos Bouzy com seu champanhe. O empreendedorismo da Madame Clicquot, a sua visão inovadora, e a sua formidável contribuição para o mundo vitivinícola e para a região de Champagne fez dela a “Grande Dama de Champagne”. Ela nunca deixou a França nem nunca voltou a casar. Faleceu a 9 de julho de 1866 com 89 anos deixando um verdadeiro legado e sabendo que Veuve Clicquot Ponsardin (VCP) era àquela altura, o champagne mais vendido do mundo.


No final da sua vida, em 1860, numa nota a uma bisneta escreveu; “O mundo está em perpétuo movimento, e temos de inventar as coisas de amanhã. É preciso ir antes dos outros, ser determinado e exigente, e deixar que a sua inteligência dirija a sua vida. Aja com audácia!


Até 1874, os vinhos espumantes produzidos na região de Champagne eram doces, com o teor de açúcar semelhante ao do vinho de sobremesa. Foi outra viúva, neste caso Madame Louise Pommery que mudou o gosto do mundo por espumantes secos. Sua ousadia tornou a Pommery uma das mais bem sucedidas casas de champagne. Além de servir como exemplo para outras maison criarem espumantes com diferentes níveis de açúcar.  A empresária também foi uma das primeiras na França a oferecer planos de saúde e de aposentadoria para os funcionários. Atitude que transformou a relação empresarial no país.


Em 1876, a Maison Veuve Clicquot desenvolveu o seu próprio Brut e criou um rótulo amarelo, para diferenciá-los de seu champagne doce, que tinha rótulos brancos, e se destacar de seus concorrentes. Com o passar dos anos, o famoso Yellow Label tornou-se objeto de desejo mundo afora. Em 1877 a Maison Clicquot registou o seu distintivo rótulo amarelo que, no entanto, já era utilizado desde 1835.


Em 1972 para assinalar o seu 200º aniversário, a Maison Clicquot lançou o seu cuvée vintage La Grande Dame e criou o Veuve Clicquot Business Woman Award, uma homenagem ao espírito empreendedor de Madame Clicquot. Em 2022, a Maison Veuve Clicquot completou 250 anos demonstrando que muito champanhe ainda há de rolar de suas famosas crayères (poços de calcário abertos debaixo da sede da empresa em Reims), a principal cidade da região que dá nome à mítica bebida francesa. Lá ficam guardados 35 milhões de garrafas do líquido dourado.


O artigo é um convite para assistir ao filme e provar os aromas e sabores deste lendário Champagne! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações em relação ao tema).

O que é o VINOTÍCIAS...

O VINOTÍCIAS foi criado por Márcio Oliveira, com o intuito de disponibilizar em um único espaço dicas de vinho, enogastronomia, eventos, roteiros de viagens e promoções. Inicialmente era disponibilizado na forma de uma newsletter para alunos, ex-alunos e amantes do vinho, com o crescimento do mercado e o amadurecimento do projeto a necessidade de um espaço maior para tantas informações se fez necessário e assim surgiu o blog e o site.

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