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  • Foto do escritorMarcio Oliveira - Vinoticias

“AFINAL, O QUE SIGNIFICA O TERMO – “VINHO ESTILO BORDEAUX?”

Você pode ler nos Vinotícias recentes que vários autores, críticos e jornalistas têm escrito sobre os vinhos de Bordeaux. Estes vinhos estão entre os melhores do mundo e acabaram sendo produzidos em outras regiões sob o termo “estilo Bordeaux”.

Apesar de vasta, Bordeaux cultiva poucas uvas. São elas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot, Sauvignon Blanc, Sémillon, Muscadelle e Ugni Blanc. Houve um tempo em que a Carménère também era plantada na região, porém foi extinta pela praga da filoxera que arrasou boa parte dos vinhedos europeus a partir de meados do século XIX.


Não existe uma regra específica quanto às proporções usadas nesta mistura, e nem todas as uvas precisam necessariamente estar presentes. Cada uma delas desempenha um papel no blend (também se usa o termo corte, assemblage ou blend) e contribui de alguma maneira para deixar o vinho macio, equilibrado e elegante.


A maioria dos rótulos de Bordeaux não menciona as uvas que o fazem, mas são geralmente fruto de misturas das uvas tintas autorizadas. Aliás, durante séculos da história da produção de vinhos poucas pessoas sabiam quais eram as variedades de uvas que estavam na bebida que estavam consumindo. Nomes como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon Blanc só ficaram "famosos" nos rótulos do mundo quando os produtores de fora da Europa, especialmente os norte-americanos, resolveram estampar os nomes das principais castas europeias em seus vinhos. Os franceses dizem que quem bebe Bordeaux, sabe o que está bebendo!

Quando, o Novo Mundo começou a chamar a atenção para seus vinhos, por volta de meados do século XX, não havia regiões muito conhecidas fora da Europa e uma das opções para vender melhor seus rótulos, era dar nome a uva predominante na mistura. Daí nasceu o costume de encontrar Cabernet Sauvignon num rótulo chileno ou norte-americano e isto ser irrelevante num rótulo francês naquele momento. Com esta jogada de marketing para mostrar aos consumidores que os vinhos eram feitos com as tradicionais e clássicas uvas europeias e, assim, também para dar uma ideia do estilo que seus vinhos teriam, nominar a uva predominante ganhou espaço no mundo inteiro.


O termo “estilo Bordeaux” não é regulamentado, e pode ser usado de forma diferente de vinicultor para vinicultor. Normalmente, ele descreve uma mistura reconhecida internacionalmente, na maioria das vezes uma baseada em Cabernet Sauvignon ou Merlot. A maioria dos blends de estilo Bordeaux usa apenas as uvas aprovadas da região de Bordeaux, mas alguns invocam o “espírito” dos blends e adicionam Zinfandel (sobretudo nos Estados Unidos), Syrah (na Austrália por exemplo) ou outras uvas.


Vale lembrar que há misturas de uvas brancas também: Sauvignon Blanc, Sémillon, Muscadelle e Ugni Blanc, que criam o que podemos chamar “Estilo Bordeaux Branco”, mas os tintos são muito mais frequentes em todo mundo. Não se encontra com facilidade bons vinhos brancos em Bordeaux. Procure por vinhos com origem em Entre-Deux-Mers. As uvas Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle deixam seus vinhos frescos, vivos e frutados, e com bom corpo e vale lembrar que em Arcachon (dentro da região de Bordeaux) está a maior região produtora de ostras, que fazem ótima harmonização com estes vinhos. Mas beba-os enquanto estão jovens, aproveitando de seu frescor, porque a maioria dos vinhos brancos bordaleses, são feitos para beber até três anos após o engarrafamento.


Algumas pessoas também se referem aos tintos ao estilo de Bordeaux como “clarete”, um termo antigo que remonta ao comércio de vinhos na Inglaterra. Outros usam o termo “Meritage” (que rima com “herança”), um nome bastante comum nos Estados Unidos para designar vinhos resultados de misturas com variedades de uvas de Bordeaux.


Poderíamos entrar em detalhes sobre as porcentagens ideais dessas misturas, mas para simplificar, geralmente, há uma uva "predominante" - 70% Cabernet Sauvignon (se for um blend ao estilo da Margem Esquerda) ou 70% Merlot, por exemplo - e você provavelmente descobrirá que gosta de misturas que têm a mesma uva “predominante”. As vezes há duas uvas com mesma proporção na mistura.


Vale a pena lembrar que a região de Bordeaux na França é bastante ampla (cerca de 123.000 hectares de vinhedos), está localizada ao oeste da França, a cerca de 500 km da capital, Paris. A região é banhada pelo grandioso estuário do Rio Gironde (formado pelos rios Dordogne e Garone), no encontro com o Oceano Atlântico.


As videiras cultivadas nesse local, bem como o vinho resultante de seus frutos, são o reflexo de vários fatores ambientais que tornaram Bordeaux ao longo do tempo, uma das regiões mais famosas, curiosas e desafiadoras para a viticultura. O clima da região é equilibrado, livre de geadas ou verões intensos, e as diferenças marcantes entre suas inúmeras microrregiões expressas, por exemplo, nas variações do nível de mineralidade do solo, garantem “terroirs” bastante distintos e peculiares. Os solos da região são totalmente diferentes de acordo com a margem em que estão localizados.


De modo geral, Bordeaux se divide em três áreas ao longo do rio Gironde: margem esquerda, margem direita e Entre-Deux-Mers (“entre dois mares”, em francês). A margem esquerda do rio é conhecida pela riqueza em pedras, facilitando a drenagem da água das chuvas e favorecendo o cultivo da clássica Cabernet Sauvignon. Já no lado direito, o solo é mais argiloso, e em alguns pontos possui uma coloração azulada, conferindo à uva Merlot o título de casta mais cultivada e predominante nesta margem. A região de Entre-Deux-Mers é conhecida por seus brancos.


Bordeaux chama a atenção para os vinhos resultados de misturas de uvas, enquanto outras regiões no mundo do vinho chamam a atenção para vinhos monovarietais, como a Borgonha (Pinot Noir), Piemonte (Nebbiolo), Toscana (Sangiovese) e Rioja (Tempranillo) para citar algumas.


Com isto surge muitas vezes a questão de um vinho fruto de mistura de uvas ser ou não algo ruim? É uma pergunta interessante, já que a maioria dos produtores está obcecada em fazer vinhos monovarietais sensacionais. Nas últimas décadas, percebemos que os vinhos de uma única varietal são melhores do que os blends. Creio que é principalmente porque existem muitas misturas de baixa qualidade por aí – e não entenda isto como algo que o vinicultor fez um blend para usar uvas que não usou para fazer seus monovarietais. As misturas podem ajudar os produtores de vinho a produzir um sabor consistente e melhor a cada ano e, em alguns casos, fazer uma boa mistura é tão difícil quanto fazer um belo vinho a partir de uma única variedade.


Aliás, raramente os vinhos varietais são 100% feitos de uma única casta. A legislação de cada país, e mesmo de cada região, determina a porcentagem mínima necessária para que um vinho possa ostentar no rótulo o nome de uma casta como sendo um monovarietal. No Chile e na Nova Zelândia, por exemplo, é preciso que 75% do vinho tenha uma única casta para que seja considerado varietal. O enólogo completa o vinho com outros tipos de uva caso considere necessário, para dar ao seu rótulo maior acidez, ou mais estrutura e corpo através do acréscimo de outra variedade. Algumas regiões produtoras determinam que as percentagens de outras uvas sejam no máximo 15%.


● ENTENDENDO O TERMO CLARET E MERITAGE:


♦ Claret: Parece um termo francês chique, mas na verdade é uma antiga palavra britânica usada para designar vinhos de Bordeaux. Hoje em dia, numa garrafa de vinho, significa uma mistura de Bordeaux.


♦ Meritage: significa que o vinho é um blend de Bordeaux feito por um enólogo que é membro da Meritage Alliance. Como a aliança foi fundada na Califórnia, a maior parte dos vinhos Meritage são da Califórnia, mas a adesão e a popularidade desses vinhos estão crescendo, e muitos deles são de altíssima qualidade. Observe também que, embora haja muita discordância, que esta palavra rima com "herança".


Alguns produtores de vinho desistiram de tentar decifrar o código e simplesmente rotular seus vinhos como “Estilo Bordeaux”. Em resumo, tudo se resume na mesma coisa!


● COMO ESCOLHER SEU VINHO DE ESTILO BORDEAUX?


Se você gosta de vinhos potentes e encorpados, procure vinhos “estilo Bordeaux” onde a Cabernet Sauvignon seja predominante. São indicados para aqueles amantes de carnes que saem amaciadas pela brasa. Para os que buscam mais complexidade, podem optar por vinhos que levam Merlot, cujos toques terrosos combinam muito bem com o assado da brasa. No corte bordalês a Merlot entra para “amaciar” o Cabernet Sauvignon. Os vinhos com predominância de Merlot costumam estar prontos para beber – fáceis, macios, aveludados e não precisam de décadas para evoluir.


Provar vinhos de Bordeaux, ou de “Estilo Bordeaux” pode parecer difícil. O jeito é ir provando e se acostumando com seus aromas e sabores. Comece pelos frutados que levam a uva Merlot como predominante, a mais macia de todas, mais fáceis de beber, são mais leves, e seus sabores geralmente agradam a todo mundo. Depois disso, prove os cortes com maior proporção de Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, como os clássicos tintos de Bordeaux.


Não se esqueça, o bom mesmo é provar para descobrir o que há de mais apropriado para seu gosto. Seja Bordeaux, ou vinhos ao “Estilo de Bordeaux” há muitos rótulos para todos gostos e bolsos.


Saúde!!!Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (baseado em artigos disponíveis na internet e minhas considerações)


O que é o VINOTÍCIAS...

O VINOTÍCIAS foi criado por Márcio Oliveira, com o intuito de disponibilizar em um único espaço dicas de vinho, enogastronomia, eventos, roteiros de viagens e promoções. Inicialmente era disponibilizado na forma de uma newsletter para alunos, ex-alunos e amantes do vinho, com o crescimento do mercado e o amadurecimento do projeto a necessidade de um espaço maior para tantas informações se fez necessário e assim surgiu o blog e o site.

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