Preparando as malas para uma viagem por Mendoza com um Roteiro Enogastronômico carinhosamente preparado pela Zenithe Travelclub de Mariella Miranda e German Alarcon Martin, durante o próximo mês de março, nada melhor que pesquisar a história da uva emblema da Argentina – a Malbec.
A Malbec é uma variedade de uva que se originou na França, onde foi usada principalmente como uma uva para fazer Bordeaux por muitos anos. Enquanto a uva tinha um excelente potencial para ser transformada no vinho puro e monovarietal, apenas uma região, Cahors, historicamente o fazia.
O Malbec agora é considerado um dos vinhos tintos mais populares do mercado. No entanto, não foi até razoavelmente recentemente que o vinho se tornou uma produção regular fora da França. Isso se deveu, em parte, à vulnerabilidade da uva à doença e à podridão. O Malbec não respondeu bem ao clima da França, sobretudo após a praga da Filoxera, e os produtores de vinho começaram a plantar menos da uva por medo de colheitas que poderiam ser um fracasso facilmente. Em vez disso, eles plantaram apenas o suficiente para adicionar a um corte tinto de Bordeaux, se a uva acabasse sobrevivendo à estação de crescimento e maturação.
Felizmente, a Malbec encontrou uma nova vida na Argentina. A uva foi introduzida pela primeira vez na região em meados do século XIX, quando o governador provincial Domingo Faustino Sarmiento pediu ao agrônomo francês Miguel Pouget que trouxesse mudas de videira da França para a Argentina. Entre as mudas que Pouget trouxe estavam as primeiras videiras Malbec plantadas no país, principalmente em Mendoza. Por causa do clima quente e da alta altitude da região, as videiras Malbec prosperaram, não exibindo as fraquezas que a casta mostrava na França. É por isso que o Malbec argentino e o Malbec francês têm gostos e características distintos.
Por quase 100 anos após ser plantado, o Malbec permaneceu um vinho consumido dentro da Argentina, com muito pouco sendo exportado. Então, no início dos anos 2000, a situação da economia mundial fez com que os preços de vinhos aumentassem, inclusive o preço do vinho feito na Europa e nos Estados Unidos.
Muitos americanos começaram a procurar uma alternativa acessível e que fosse deliciosa e desta forma descobriram que o tempo para o Malbec havia chegado. Dessa forma, o Malbec não foi descoberto por especialistas em vinhos, mas por amantes e bebedores regulares de vinho. O guru do vinho – Robert Parker, publicou, em 2004, dez previsões. Entre elas: a de que “até o ano de 2015, a grandeza dos vinhos argentinos feitos a partir da uva Malbec será entendida como um dado”. Devido a esse apelo populista, o Malbec é considerado a variedade de uva mais importante da Argentina, e o país agora abriga quase 70 % de todas as vinhas Malbec do mundo, e criou o Dia Internacional da Uva Malbec, celebrado no dia 17 de abril a cada ano.
A chave para a popularidade do Malbec está no fato de quão fácil é beber e quão bem o vinho combina com ou sem comida. Reconhecido pela sua relação custo-benefício, o Malbec da Bodega Catena Zapata foi um dos responsáveis por mostrar ao mundo o potencial dessa variedade de uva, sem falar de outros produtores especialistas nessa casta. Para alguns críticos de vinho, o Malbec é frequentemente referido como o Merlot, pois o vinho tem muitas das mesmas características que facilitam ser bebido, como os taninos “redondos” do Merlot, com um tempero e acidez adicionais que fazem com que pareça menos polido ou elegante. Por outro lado, o Malbec argentino se mostra muito mais frutado, com taninos macios e que rapidamente pede um segundo gole.
Há uma diferença dramática de gosto entre Malbec argentino e Malbec francês, que mostra até que ponto o terroir pode influenciar um vinho. O terroir abrange todos os fatores regionais que definem o sabor de uma uva de vinho, incluindo sol, solo, clima, altitude e proximidade com a água.
No Malbec argentino os principais sabores de frutas são as amoras, a ameixa e a cereja. Os aromas e sabores sutis oferecem ainda notas de chocolate ao leite, cacau em pó, flores como a violeta, surgindo algo de couro como efeito da vinificação e amadurecimento e, dependendo da quantidade de envelhecimento em carvalho, um final de boca de tabaco.
Enquanto o Malbec argentino mostra fruta, o Malbec francês é o oposto. Produzido em Cahors, o vinho remete a couro, com sabores de torta, aparece uma ameixa preta e certo amargor salino. O Malbec francês tem maior acidez, bem como lhe é atribuído os sabores de pimenta preta e especiarias. Devido ao seu tanino moderado e acidez com menor álcool, o Malbec francês tende a envelhecer por mais tempo.
Como o Malbec é um vinho tinto encorpado, ele combina bem com alimentos com sabor completo. No entanto, ao contrário de Cabernet Sauvignon, o vinho não tem um longo final ou taninos agressivos. Portanto, combina muito bem com carne vermelha mais magra, com carme de porco assada, e carnes de aves como peru. Também combina deliciosamente com preparações condimentadas com pimenta, sálvia, molhos cremosos de cogumelos e queijo derretido.
● As melhores combinações de alimentos com Malbec
♦ Carne: Malbec se mantém bem com aves de carne escura, carne de porco assada e cortes mais magros de carne vermelha, como picanha, fraldinha, miolo de alcatra, filet. Se você gosta de carnes mais interessantes, ficará surpreso com o quão bem os sabores de frutas de Malbec podem complementar mais cortes de carne, como hambúrgueres de búfalo, hambúrgueres de avestruz ou carne de veado.
♦ Queijo: Malbec é um dos poucos vinhos tintos que consistentemente combina bem com queijo azul e outros queijos pungentes e macios. Você também ficará encantado quando servido com Provolone e até queijo suíço derretido. Ao combinar Malbec com queijo, a chave é reconhecer que o acabamento do vinho não é extremamente longo, então um queijo sem um sabor longo e persistente geralmente é uma boa combinação.
♦ Especiarias e ervas: procure especiarias com sabores terrosos ou esfumaçados, como salsa, sumagre, tomilho, alecrim, páprica defumada, pimenta preta, cominho, cravo, alho, cebolinha, cebola verde e molho de churrasco.
♦Vegetais: cogumelos, legumes assados, pimentão verde, amarelo e vermelho, batata, rúcula, couve, endívia grelhada, cebola, beterraba, lentilhas, feijão preto e arroz, todos combinam bem com Malbec.
● Combinações de alimentos para evitar com Malbec: Como na maioria dos vinhos tintos encorpados, evitar as verduras amargas, peixes e saladas de vinagrete pode ser uma boa ideia. Isso ocorre porque os verdes amargos farão com que o vinho tenha um sabor mais amargo ainda, o peixe permanecerá no seu paladar e perturbará o sabor, e as saladas ácidas farão com que o vinho tenha um sabor mais plano.
● Malbec em poucas palavras: Malbec é um vinho tinto encorpado que se originou na França, mas ganhou notoriedade principalmente na Argentina. Enquanto o Malbec francês é mais salgado e azedo, com taninos e sabores firmes de ameixa e couro, o Malbec argentino é mais frutado, com uma textura de veludo e sabores de cacau e ameixa. Este vinho é acessível e delicioso, combinando bem com carnes magras e queijos macios e pungentes. Se você está servindo vinho tinto a um grupo diversificado, o Malbec é sempre uma aposta segura e agradável para não desagradar a ninguém.
Nos próximos artigos falaremos mais sobre as outras uvas argentinas e as regiões de produção. Não perca a chance de provar uma taça de vinho Malbec!!! Saúde!!! Aproveite para comentar se gostou ou não!!! (Este artigo está baseado em material disponível na internet, e minhas considerações durante a prova dos vinhos e pesquisas).
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