Explorar o mundo dos "vinhos finos" torna-se algo complicado quando você tem um queda por doces, isso se dá pelo foco maior que é dado aos vinhos tintos, brancos e espumantes.
Historicamente falando, os vinhos de sobremesa já foram os mais cobiçados em todo mundo. Um exemplo disso é o fato de que a primeira região vinícola do mundo a ser demarcada não se encontrava em Bordeaux ou Champagne, nem mesmo na França, mas sim na Hungria e se chama Tokaji ("tocai"). Foi oficialmente reconhecida em 1737 e é famosa por seu vinho branco de sobremesa! Se bem que em geral a cor seja dourada ou âmbar.
Curiosamente, se você se aprofundar nas regiões produtoras mais importantes de vinho tinto, descobrirá que muitas vezes elas foram originalmente produtoras de vinhos doces.
Diante de tudo isso apresentamos a seguir uma lista com nove vinhos de sobremesas que você deve experimentar, são eles:
- Moscato d'Asti
Pode-se dizer que você não conhece um Moscato até experimentar o Moscato d'Asti, o grande vinho Moscato de Piemonte, Itália.
Piemonte é famosa por seus Nebbiolos, porém a uva Moscato é cultivada ali desde a época romana e desde 1993 é um vinho reconhecido como uma DOCG. O vinho é um frizante, não um espumante, ou seja, por não passar por uma segunda fermentação é menos gaseificado, possue menos pressão e como resultado menos espuma.
É um vinho de aromas incríveis, lembrando peras asiáticas, damascos e pêssegos, com um que de sálvia, limão e até flor de laranjeira.
- Tokaji Aszú
Feito a partir de uma rara uva branca chamada Furmint, estas uvas são colhidas quando infectadas por um tipo especial de fungo "Botrytis cinerea".
Isso pode até parecer grosseiro, porém esse fungo não estraga as uvas e trás como resultado um vinho de sobremesa com uma cor dourada vibrante e aromas de compota de laranja, mel, damasco seco, com sutis sabores de açafrão e gengibre.
A ótima acidez desde vinho de sobremesa faz com que combine muito bem com foie gras, queijos azuis e porque não um crème brûllée. São vinhos caros, porém o que poderíamos esperar destes vinhos de sobremesas considerados jóias liquidas!
- Sauternes
Pode se dizer que os Sauternes são os mais conhecidos vinhos de sobremesas.
Produzidos em uma região ao longo do rio Garona, em Bordeaux, que apresenta umidade e névoa na medida certa para o desenvolvimento da Botrytys cinerea, esse fungo que mais uma vez trabalha a favor da produção de vinhos incríveis. Para aproveitar ao máximo o benefício da botrytis cinerea, os produtores realizam a colheita bago a bago, na medida que eles murcham.
As uvas Sémillon, Sauvignon Blanc e Muscadelle formam um blend capaz de revelar sabores complexos como marmelo, marmelada, mel gengibre e especiarias. Os aromas são intensos, com bastante fruta, notas florais e amêndoa.
Sauternes acompanha muito bem queijos fortes, tipo Gorgonzola e Roquefort, porém brilha bastante na hora da sobremesa acompanhando perfeitamente pudins e sobremesas à base de frutas não ácidas.
- Beerenauslese Riesling ou BA
A Alemanha tem várias classificações de Riesling e quando chegam ao nível de Beerenauslese as coisas começam a ficar sérias (e seriamente doces).
Em busca de uvas mais doces, os produtores selecionam individualmente somente as uvas afetadas pela botrytis cinerea, o que confere aos vinhos complexidade e acidez refrescante.
Envelhecem bem, desenvolvendo uma riqueza suave de castanhas com o tempo. É comum não passarem por barris de carvalho, preservando toda a expressividade da uva.
- Ice Wine
Para se produzir um Ice Wine as uvas ficam na videira até ficar tão frio, que congelam! As uvas são pressionadas enquanto ainda estão congeladas, de modo que apenas o açúcar é extraído junto da polpa concentrada do bago.
Este xarope é então fermentado em vinho! Os melhores Ice Wines são tipicamente feitos com uvas Riesling e Grüner Veltliner e vêm de lugares onde fica frio o suficiente para congelar, incluindo Canadá, Alemanha e Áustria. Em sua maioria são brancos, porém podem ser tintos quando produzidos a partir da uva Cabernet Franc.
Dizem que o primeiro Ice Wine foi produzido por um acaso, no final do século 18 na Alemanha, quando elaboraram um vinho com uvas parcialmente congeladas, devido a uma geada inesperada.
- Rutherglen Muscat
A uva Moscato tem uma variante rara e vermelha que cresce em Victoria na Austrália.
Para produzir esse peculiar vinho de sobremesa as uvas são colhidas mais tarde na estação, quando se tornam parcialmente castanhas para que a doçura seja mais concentrada.
Como resultado é um vinho de aromas ricos em caramelo, morangos secos e avelãs. Extremamente doce, esse é o Rutherglen Muscat!
- Recioto della Valpolicella
A Valpolicella é a região vinícola em torno de Verona, Itália, extremamente famosa por seus Amarones. No entanto, originalmente, a região era conhecida por Recioto.
Recioto della Valpolicella usa o processo de desidratar as uvas pelo processo de passificação, assim garantindo a concentração de açúcares nas uvas. Os bagos chegam a perdem 35% do suco concentrando uma polpa muito rica em açúcar.
A principal diferença entre um Amarone e um Recioto é que a fermentação termina antes que os açúcares tenham fermentado, o que produz um rico vinho tinto de sobremesa. Degustar um Recioto é como beber cereja cobertas de chocolate!
- Porto Vintage
O Vale do Douro em Portugal é a segunda região a ser demarcada no mundo (em 1757) e é o verdadeiro lar do vinho do Porto.
Enquanto a maioria dos vinhos do Porto que vemos é de qualidade básica, Ruby Port, porém alguns anos são tão bons que são reconhecidos como "vintage".
O vinho do porto enquanto "vintage" dá um passo substancial em termos de qualidade e você certamente irá sentir isso. Esses grandes vinhos são produzidos para guarda por 50-100 anos. Em 2015 tive oportunidade de degustar um Porto 1815, e estava vivo !!! (frase do nosso editor: Márcio Oliveira).
- PX ou Pedro Ximénez
Não, Pedro não é um cara, é uma uva de vinho branco proveniente do sul da Espanha!
O processo para fazer um PX envolve guardar o vinho envelhecendo em barris por longos anos, tornando-o num líquido de cor acastanhada.
Ao longo dos seus anos em barril, o fluido (água e álcool) no vinho evapora lentamente, o que concentra o nível de açúcar. Alguns PX chegam a ser xaroposos.